Chaplin não morreu: tempos modernos ou tempos atuais?

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O clássico filme “Tempos Modernos” (1936) do Charlie Chaplin (1889-1977) retrata o início da industrialização no começo do século XX. A extensa carga horária, os maus salários, condições inadequadas de estrutura e infraestrutura, por vezes gerando um trabalho rotineiro e alienado, entre outros, prejudica a saúde física e mental do funcionário além, de desmotivação conforme muito bem representado por Chaplin. Algumas dessas características ainda são observadas nas organizações hodiernas o que penaliza o desenvolvimento pleno da empresa e impacta negativamente no desempenho operacional e financeiro do negócio.

As pessoas atuavam como máquinas em trabalhos repetitivos, sem participação nas decisões, sem vez e voz, meramente como peças de produção sem a devida atenção ao ser humano. Esse ser deve ser melhor gerido por um líder flexível, atento às suas demandas e moderador das atividades. Todavia, ainda se percebe alguns gestores na contramão em tratar as pessoas como pessoas, um claro retrato da falta de capacitação e de informação.

No filme percebe-se que o personagem Carlitos mal consegue almoçar e já tem que voltar ao trabalho. Um personagem marcado pelo estresse, com claro esgotamento mental, sem a menor dignidade no que faz, desconexo com o sistema produtivo e funcional do próprio trabalho, isolado em uma “ilha” rotineira e aparentemente sem sentido e sem qualquer perspectiva de qualidade de vida no trabalho.

E é essa saúde mental e a qualidade de vida no trabalho que produz nos dias de hoje o sentido de que o trabalho deve ser difundido e percebido nos ambientes organizacionais. Os diversos “Carlitos” que estão nas nossas unidades fabris não podem apenas e tão somente serem submetidos a uma máquina alimentícia e operarem como se fosse outra, uma ferramenta descartável e facilmente substituída. Aquém dos mais de 13 milhões de desempregados, o ser humano é a força motriz da empresa e merece ser considerado como estratégico no negócio.

É imperioso concluir a genialidade de Chaplin e que os profissionais atuais devem estar em constante formação especialmente na área da tecnologia para não serem ultrapassados pelas máquinas. Quem se recusa a aprender a aprender ficará (se já não fica!?) fora do mercado de trabalho. O mais interessante é que apesar de mais de 70 anos, o humor de Chaplin através de seu cativante personagem Carlitos continua atual.

Prof. Dr. Ricardo César de Oliveira Borges
Docente do Curso de Administração do Centro Universitário Ateneu
Pós-doutor e doutor em Geografia, mestre em Administração, tem MBA em Administração e Negócios, especialista em Gestão e Didática do Ensino Superior e em Estratégia e Gestão Empresarial e graduado em Administração de Empresas.

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