A moda: para pensarmos

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A moda. Quando falamos de moda, fica fácil associar a bem vestir, ou a estar portando algo que todos desejam usar. Mas será que a moda se resume a apenas isso? Se resume a peças de vestuário feitos com o intuito de causar o desejo interminável do uso ou da cópia? Será que estar na moda é algo que realmente todos desejam? E alguns acham que não desejam e mesmo assim, se veem imersos em uma vontade inconsciente e quando se percebem já aderiram a ela?

Mas o que será que a moda tem de tão especial, que nos faz a rodearmos e estarmos constantemente rodeados por ela? Se formos ao dicionário veremos que a palavra moda deriva de mode, palavra francesa que data de 1482, mas também veremos que mesmo antes da criação dessa palavra, a “moda” era conceituada como algumas preferências aristocráticas e definida como elegância, beleza, aparência sofisticada, estilo ou artificio na aparência e no vestuário, e aparece até em alguns poemas do século XIII de Guilherme Lorris, como algo que melhoraria bastante um homem…

Mas porque, mesmo sem uma definição exata naquela época, a moda já era vista como algo que “melhoraria” a aparência? Podemos entender que “o que é bonito aos olhos, agrada a alma”, para seguirmos a ordem poética do conceito? E sim, isso acaba sendo uma verdade. Mas essa beleza baseia-se em que aspectos, já que também podemos afirmar que a beleza é relativa?

Sabemos também que geralmente o que sai de moda, deixa de agradar… Então, pergunto, será que apenas o tempo de uma estação lhe fez passar de bonito à feio? De agradável à desagradável, apenas porque mudou a estação? Ou apenas porque surgiu algo mais novo? Então, será que a moda ou a beleza realmente tem uma relação direta com o tempo na qual ocorrem?

A moda dos anos 1980 que na época era considerada beleza, passou a ser considerada “brega” e seu revival a fez ser bela novamente? Como isso acontece? Baseado em que padrões podemos afirmar o que é realmente belo em nosso tempo? Ou o que será belo depois de amanhã? As estéticas são baseadas em vontades, em ativismos, em sobras de matérias-primas, nos sonhos de algum grande criador, na necessidade criativa das ruas e guetos? Essas tendências são muitas vezes transformadas de acordo com prioridades políticas e empresariais? A mídia tem ligação direta com o que devemos traduzir como beleza ou moda?

As grandes temporadas já não trabalham por estações. A sustentabilidade grita para desmistificar esses padrões e essas divisões temporais que definiam o que era bonito do que agora virou feio. E as criações já precisam buscar novas alternativas para concluir ciclos e produzir recomeços, pois estamos vivendo em um ímã sem fim, onde as atrações e desejos por moda se misturaram ao estilo de cada um de nós, e o que era antes imposição vira conversa, pois a moda não manda mais em nada, ela apenas obedece.

E nós, criadores e criaturas que buscamos criar a moda para não brigarmos por preço, e não levarmos a culpa da cópia, precisamos cada vez mais treinar nosso olhar para o novo, para onde ninguém ainda olhou, e é nesse momento onde entenderemos que a moda não é sujeito, mas verbo, e somos nós que devemos a fazer acontecer, para que possamos renovar nossas passarelas, e trazer para ela um pedaço de cada um de nós, como seres reais, para uma moda cada vez mais inclusiva, respeitosa e real, pois a moda é comportamento, é fenômeno sociocultural, é a representação do que somos, ou do que queremos transmitir, é arte, é libertação. Pense nisso!

Profª. Ma. Fernanda Farias Vasconcelos Kreitlow
Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu
Doutoranda em Design de Moda, mestra em Gestão de Negócios Turísticos, especialista em Styliste Coloriste Infographiste, graduanda em Artes e graduada em Design de Moda

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