O brechó como uma alternativa para o consumo sustentável de roupas

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A implantação da economia circular e de processos éticos no mercado da moda tornaram-se ações necessárias e urgentes. Para Pearce e Turner (1989), a economia circular é o sistema que tem como princípio a redução do uso dos recursos naturais finitos, a reutilização da matéria e a ressignificação desse elemento. Nos modelos de negócios de moda atuais, há um questionamento a muito tempo ecoando em nosso “fazer moda”, e por que o consumo exacerbado de roupas ainda existe?

Esta reflexão é constante, pois sobre moda entende-se que não trata-se apenas de roupas. As áreas que se interessam e estudam sobre o fenômeno da moda perpassam a Sociologia, a Antropologia e, atualmente, há o crescente interesse da Economia, visto que temos em discussão um mercado global que move a poderosa indústria têxtil, um dos três setores mais importantes na economia mundial. (BERLIM, 2012, p. 26).

Um dos problemas levantados recentemente é o “lixo têxtil do deserto do Atacama, nos Estados Unidos da América. Trata-se de toneladas de roupas, itens novos e usados descartados em pleno deserto. São roupas oriundas dos EUA, Europa e Ásia enviadas com o propósito de revenda. Os dados indicam que, de acordo com matéria da revista Exame (2022), são enormes montanhas de roupas, uma parte das 59 mil toneladas que entram por ano no Chile, e cerca 66% vão parar em lixões. Em contrapartida, ao cenário deste desperdício têxtil, o mercado dos brechós surge como alternativa para os itens de segunda mão.

Os brechós é um dos modelos de negócios adepto ao conceito da economia circular, comercializando produtos já existentes, sem incentivo às demandas de produção de novos itens. De acordo com o dicionário on-line Dicio (2022), brechós são locais como estabelecimentos ou lojas, destinados à comercialização e venda de produtos de segunda mão, principalmente, de itens de vestuário e de antiguidades. O aumento do comércio de roupas usadas viabiliza a redução do descarte inapropriado dos itens de vestuário.

Para Fineman (2001), por muito tempo moda e sustentabilidade ambiental foram considerados conceitos ambíguos e contrastantes, por levantarem conflitos de ideais. Enquanto a moda estimula um curto período de vida útil aos seus produtos, a sustentabilidade ambiental se designa à durabilidade e ao reaproveitamento. Porém, esta ambiguidade está cada vez mais “fora de moda”.

Referências

BERLIM, Lilyan. Moda e Sustentabilidade: uma reflexão necessária / Lilyan Berlim – São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2ª ed. 2016.
DICIO. Dicionário on-line de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/brecho/. Acesso em: 06 de junho 2021.
FINEMAN, Stephen. 2001. Fashioning the Environment. Organization 8(1). 2001. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/epdf/10.1177/135050840181002. Acesso em: 11 de novembro 2022.
PEARCE, David W; TURNER, Kerry. Economics of Natural Resources and the Environment. The Johns Hopkins University Press Baltimore. 1989.
REVISTA EXAME, Justiça chilena investiga lixão de roupas usadas no deserto de Atacama. Disponível em: https://exame.com/casual/justica-chilena-investiga-lixao-de-roupas-usadas-no-deserto-do-atacama/ . Acesso em: 23 de dezembro de 2022.

Profª. Ma. Luciana França Jorge
Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Saúde Coletiva, especialista em Design Têxtil em Moda e graduada em Estilismo e Moda

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