Transformação digital na Saúde: chatbots como ferramentas inovadoras na educação nutricional

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O avanço tecnológico das últimas décadas tem promovido transformações significativas no setor de Saúde, particularmente, no campo da saúde digital. Este processo, intensificado pela pandemia da Covid-19 estimulou a adoção de tecnologias digitais que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), devem ser incorporadas de forma integral às políticas de saúde. Para tanto, a saúde digital deve observar critérios rigorosos de ética, segurança, confiabilidade, equidade e sustentabilidade, além de respeitar princípios fundamentais como transparência, acessibilidade, escalabilidade, replicabilidade, interoperabilidade, privacidade, segurança e confidencialidade.

No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) instituiu a “Estratégia de Saúde Digital para o Brasil” (ESDB28), abrangendo o período de 2020 a 2028. Este plano estratégico define diretrizes voltadas à integração de tecnologias digitais ao Sistema Único de Saúde (SUS), visando ao aprimoramento da qualidade dos serviços prestados à população. Entre os objetivos centrais da ESDB28, destaca-se o empoderamento dos usuários como protagonistas na gestão de sua saúde, incentivando a utilização de aplicativos, serviços digitais e plataformas informativas para uma abordagem mais autônoma e informada.

Entre as aplicações potenciais das tecnologias digitais no âmbito da Saúde, os chatbots têm se destacado, particularmente, na área da Nutrição e no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Estas condições representam um dos maiores desafios à saúde pública global e nacional. Em 2019, as DCNTs foram responsáveis por cerca de 70% dos óbitos em escala mundial, sendo a mortalidade prematura atribuída a essas doenças no Brasil equivalente a 41,8%, com maior impacto em indivíduos na faixa etária de 30 a 69 anos.

Os chatbots, definidos como sistemas automatizados capazes de simular interações conversacionais com os usuários, emergem como ferramentas eficazes e escaláveis no contexto da educação em saúde. Evidências científicas indicam que esses sistemas têm o potencial de disseminar informações de maneira ágil e acessível, reduzindo a lacuna entre a demanda dos usuários e o contato efetivo com profissionais de saúde.

No campo da Nutrição, os chatbots podem desempenhar papel relevante no suporte a questões críticas, como a prevenção e o controle do diabetes mellitus tipo 2 e gestacional. Uma das contribuições principais desses sistemas está relacionada à disseminação de conhecimentos sobre alimentos com alto índice glicêmico, informação essencial que muitas vezes não é de domínio da população geral. Dessa maneira, os chatbots podem complementar a atuação do nutricionista, fornecendo orientações confiáveis até que o paciente tenha acesso a uma consulta profissional.

A Nutrição configura-se como um determinante essencial na prevenção e no manejo de diversas condições de saúde. A aplicação de chatbots com foco em educação nutricional apresenta-se como uma estratégia promissora para a promoção de hábitos alimentares saudáveis e para a disseminação de informações baseadas em evidências. Estudos futuros são necessários para avaliar de forma mais aprofundada a eficácia e a aplicabilidade desses sistemas na promoção da saúde e na educação nutricional.

Profª. Drª. Kamila Maria Oliveira Sales
Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Ateneu.
Doutora e mestra em Ciências Médicas, especialista em Nutrição Clínica Funcional, em Nutrição Clínica e em Fisiologia do Exercício e graduada em Nutrição.

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