A origem dos tecidos

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A necessidade de proteção contra as intempéries climáticas fez com que os homens primitivos se vestissem com as peles dos animais que caçavam. Porém, a pele além de pesada, tolhia-lhes os movimentos, se apresentavam duras, além de ressecar com o tempo. A pele ou o couro era um material incômodo, que não tinha ainda uma importante propriedade têxtil: a flexibilidade.

Laver (1999) afirma que a falta de flexibilidade das peles atrapalhava a mobilidade, principalmente, no ato da caça. Na tentativa de tornar a pele ou o couro mais flexível, o homem precisou fazer algumas experiências, tais como: mastigar a pele; umedecer e sovar; e até mesmo usar a gordura de animais marinhos para torná-las maleáveis.

Houve um avanço com o uso da gordura, pois as peles ficavam mais tempo maleáveis. Até que se descobriu o curtimento. Esta descoberta foi mais um grande avanço, que, com a ajuda do ácido tânico retirado das cascas de árvores, como o carvalho e o salgueiro, tornaram as peles permanentemente maleáveis e a prova d’água. O curtimento, que é usado até hoje, permitiu também que as peles fossem cortadas e moldadas em partes para produção de artigos vestíveis com maior ergonomia. Os primeiros tecidos nasceram da manipulação das fibras no período paleolítico ou idade da pedra lascada. Primeiramente, através do processo de feltragem; e segundo, com a manipulação da fibras com os dedos, surgindo assim a arte da cestaria.

“Na época da pré-histórica, pêlos, plantas e sementes eram usados para fazer fibras.” (LOBO, 2014, p. 9). O feltro foi desenvolvido na Ásia Central pelos ancestrais dos mongóis.  Nesta técnica, o pêlo ou a lã são penteados, molhados, arrumados em camadas e compactados. A vestimenta produzida com o feltro era quente, maleável e durável. De acordo com Pezzolo (2013), a manipulação de fibras naturais fez surgir o processo de cestaria e as primeiras estruturas têxteis entrelaçadas e o princípio desta técnica fez surgir a tecelagem. A partir do entrelaçamento das fibras têxteis naturais surgiram os primeiros tecidos. As chamadas matérias-primas naturais passaram a ser utilizadas desde a antiguidade, como o linho e o algodão, de origem vegetal, e lã e seda, de origem animal.

As fibras naturais vegetais e animais foram as primeiras fibras a serem tecidas e, atualmente, são procuradas por serem mais sustentáveis, frescas, pois absorvem melhor a umidade e por imprimirem um estilo de vida mais natural. Assim, a origem e a utilização das fibras naturais como têxtil são classificadas:

O linho
– É uma fibra natural vegetal, retirada do talo da planta;
– É uma das fibras mais antigas a serem utilizadas como têxtil;
– Vestígios de tecidos de linho foram encontrados no antigo Egito e na Criméia, datados de 8 mil anos;
– É oriunda da planta chamada Linum usitatissimum, nativa da Turquia e do Irã e introduzida na Ásia, Europa, América do Norte e regiões do norte da África e sul da América do Sul.

A lã
– É uma fibra e também muito antiga, assim como o linho;
– Antigos fragmentos de lã, datados do período neolítico (pedra polida), foram encontrados cerca de 10 mil anos a.C a 4 mil a.C.;
– Porém, sua utilização têxtil data no mínimo de mais de 6 mil anos.
– Além do carneiro, diversos animais nos fornecem a lã. 

O algodão
– É a fibra mais utilizada como têxtil, seguida pela fibra de poliéster;
– Sua origem é indiana, porém, não se sabe ao certo quando começou a ser utilizada para fins têxteis;
– É retirada da semente do algodoeiro;
– Na Índia, encontrou-se vestígios datados de 3.200 anos a.C.
– Sua versão sustentável é cultivada e chamada de algodão orgânico.

A seda
– É a única fibra natural na forma de filamento contínuo.
– A fibra de seda surgiu na China, na época do imperador Huang Ti, cerca de 2.697 a.C.;
– Os chineses foram os primeiros a cultivar o bicho-da-seda e a aproveitar o filamento do casulo em suas fiações.
– Há amostras de seda chinesa com desenhos de dragões, pássaros e outros animais que datam do século I a.C.
– O segredo da obtenção do fio ficou guardado com os chineses até o século XVIII.

Desde a busca do homem pré-histórico até os dias de atuais os tecidos continuam evoluindo e possibilitando inúmeras inovações para o segmento da Moda, sejam com descobertas antigas, como a criação das fibras químicas ou as mais recentes, como as tecnologias vestíveis ou Wearables, que unem tecnologia e o têxtil para o benefício dos seres humanos.

Referências

LAVER, James. A Roupa e a Moda: uma história concisa. São Paulo. Cia das Letras, 1999.
LOBO, Renato N.; LIMEIRA, Erika T. N. P.; MARQUES, Roseane do Nascimento. Fundamentos da Tecnologia Têxtil: da concepção da fibra ao processo de estamparia. São Paulo: Editora Érica, 2014.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. Ed. Tec. Minho: São Paulo: SENAC, 2008.

Profª. Ma. Luciana Jorge
Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Saúde Coletiva, especialista em Design Têxtil e graduada em Estilismo e Moda. É membra do Movimento Moda Inclusiva Ceará e pesquisadora nas áreas têxtil, moda sustentável, moda inclusiva e em moda e saúde.

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