Remando contra a maré: é necessário tentar limitar o uso de telas de crianças e adolescentes?

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O olhar debruçado sobre a sociedade contemporânea põe em evidência a presença da tecnologia, que parece de fato ter envolvido o mundo, operando como agente mediador que se impõe também nas relações entre as pessoas, gerando novos estilos de vida. Uma discussão sobre o impacto do desenvolvimento tecnológico expõe que a tecnologia é considerada como responsável por transformar as relações sociais e o funcionamento mental, levando a entender que o ser social é movido por uma ansiedade de conexão, habituando-se a interagir com as telas.

O acesso da população às tecnologias transformou o contexto social e cultural, permitindo que crianças e adolescentes passassem a se relacionar ativamente com as mídias digitais. Reporta-se a tal cenário nomeando-o por geração cordão, sendo caracterizada como aquela que não se desliga, que só socializa online, tendo por consequência um diminuto desenvolvimento das suas competências sociais e emocionais quando se depara em uma relação presencial com outra pessoa.

Vários estudos sugerem que a quantidade de exposição precoce ao estímulo audiovisual está relacionada a resultados negativos de desenvolvimento, como pior funcionamento executivo e habilidades de linguagem. Essas novas formas de uso de mídia podem estar ligadas a diversos transtornos, como obesidade, altos níveis de impulsividade e busca de sensações, redução do desenvolvimento cognitivo, hiperatividade e distúrbios da atenção.

Pesquisas apontam que crianças e adolescentes deixaram de comer ou dormir por conta do uso tecnológico, procuraram informações sobre emagrecimento, buscaram formas de autoagressão, tiveram contato com maneiras de experimentar drogas e declararam ter acesso a rituais para cometer suicídio. Algumas teorias acerca de desvios comportamentais têm incluído os responsáveis como elementos centrais, demonstrando que boas relações com os infantojuvenis, centradas no diálogo e na combinação de regras quanto ao uso das tecnologias, podem proteger crianças e adolescentes de iniciar comportamentos de risco, sobretudo, de entrar numa linha de dependência frente aos aparelhos eletrônicos.

Vale ressaltar que a utilização da mídia reduz as interações entre pais e filhos, o que pode ter um impacto negativo sobre a linguagem cognitiva e o desenvolvimento emocional. A substituição da interação face a face pela mídia social pode ter um impacto negativo no bem-estar e na saúde mental. Associações entre o tempo de tela e o menor bem-estar psicológico já foram encontradas. Diante de tantos indícios que comprometem o bom desenvolvimento infantojuvenil, faz-se pertinente se remar contra a maré que impulsiona o uso excessivo de telas, permitindo que crianças e adolescentes elaborem de forma mais assertiva suas habilidades sociais e emocionais.

Profª. Ma. Jéssica Layanne de Sousa Lima
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Ciências Médicas, especialista em Psicologia do Trânsito e em Neuropsicodiagnóstico e graduada em Psicologia

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