O caminho para o profissional do futuro inicia com o estudante do presente

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Desde a infância, somos instigados a decidir o que queremos ser quando adultos. Uns médicos, outros advogados, enfermeiros, veterinários, professores, mas dentre as profissões idealizadas, geralmente se percebe a escolha por uma atuação vinculada ao ensino superior, não desconsiderando as exceções, obviamente.

Nessa brincadeira infantil, fortalecemos em nós o anseio pelo desenvolvimento de um trabalho especializado, ao passo que, também, somos motivados ou tendenciados a uma dada área profissional. Pois bem, crescemos e passamos a tomar decisões cada vez mais complexas e chega a hora de encaminharmos nossas perspectivas de vida.

Passado o processo que envolve cursinhos, vestibulares e expectativas, vem o resultado: a aprovação naquele curso tão esperado. Será fácil? Vai ser gostoso participar de todos os momentos propostos? Tudo vai dar certo? Essas e outras perguntas vão surgir e nem todas com respostas imediatas. No entanto, cada um assume o risco, o bônus e o ônus desse percurso.

Freire (1997) indica a educação como uma ação humana que deve ser libertadora, indicando ao indivíduo o discernimento acerca dos caminhos para a transformação da sociedade e de sua própria vida, mas deixo uma indagação: o seu sonho está alinhado com o seu compromisso e esforço?

Nossa reflexão sugere que o caminho para o profissional do futuro é iniciado com o estudante que agora está a se reinventar, mas o que diremos sobre aqueles que não se apropriam desse trajeto que oscila entre desafios e conquistas? Serão menos profissionais que os outros? Estarão aptos para o mercado de trabalho? Apresentarão diferenciais notáveis? Não podemos generalizar respostas, mas de certo, serão percebidas diferenças em fatores como desempenho, articulação, conjunto de competências, entre outros.

Illeris (2011) estabelece que “a aprendizagem é assegurada pelo desenvolvimento de estruturas cognitivas, motivacionais e comportamentais, e também pelas trocas estabelecidas nos processos de interação do aprendiz com pessoas e com os ambientes de aprendizagem”. Dito isso, inferimos que o estudante deve, não somente se aproximar de um conteúdo, mas apreendê-lo, vislumbrá-lo a partir de práticas pedagógicas capazes de firmar relações entre instituição de ensino e comunidade.

Podemos citar exemplos onde esta proposta integrativa apresenta oportunidades claras de envolvimento discente com as reverberações teóricas: projetos de extensão, pesquisas de campo, visitas técnicas, aulas de campo, estágios curriculares e não curriculares, dentre outras metodologias que ativam o senso crítico, reflexivo e propositivo, pois “a formação de formadores precisa estar engajada com o que acontece na sociedade e em constante revisão e reformulação sobre o agir pedagógico” (OLIVEIRA; LESSA, 2023).

Nesse ínterim, esperamos que aspectos humanos e técnicos sejam desenvolvidos com destreza: uma escuta ativa e qualificada, embasamento na tomada de decisões, atualização e aperfeiçoamento profissional constantes, humanização nos processos de trabalho, articulação com outros setores e políticas públicas, diálogo.

Esses e tantos outros elementos constituem, pouco a pouco, uma atuação satisfatória, mas não se sustentam isoladamente, pois é necessário considerar que o fazer profissional abarca muito além das qualificações, já que viver não consta nas páginas de nenhum currículo e precisamos formar o aluno de hoje para refletir sobre isso também.

REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa São Paulo: Paz e Terra, 1997.
ILLERIS, K. ​​Locais de trabalho e aprendizagem. In: MALLOCH, M. et al. (Org.). O manual SAGE de aprendizagem no local de trabalho. Sage Publications, 2011.
OLIVEIRA, G. C. D. A.; LESSA, A. B. C. T.. Ação Crítico-Formativa no Contexto de Formação de Formadores de Língua Portuguesa. Educação em Revista, v. 39, p. e25019, 2023.

Prof. Me. Ediney Linhares da Silva
Docente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Ensino na Saúde, tem MBA Executivo em Saúde, é especialista em Políticas Públicas, Gestão e Serviços Sociais, em Gestão da Educação e em Dança e Educação e graduado em Serviço Social.

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