Em meados dos anos 1970, nos Estados Unidos, surgiu o termo burnout, para se referir ao processo excessivo de desgaste profissional de trabalhadores. A criação desse termo é atribuída a Herbert Freudenberger (1926-1999), podendo ser traduzido como “queimar-se por completo”. A Síndrome de Burnout (SB) ou Síndrome do Esgotamento Profissional pode ser considerada um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa é justamente o excesso de trabalho.
Com a grande competitividade entre as empresas no mercado de trabalho e o medo do desemprego, os profissionais estão procurando cada vez mais se especializando em suas áreas de atuação a fim de destacar-se entre os demais. Um grande fator contribuinte nisso tudo é o avanço tecnológico, como por exemplo, a Internet, que possibilita capacitação com os mais variados tipos de cursos e ferramentas de trabalho. Cada vez mais, as empresas exigem competências e responsabilidades de seus funcionários, causando o agravamento do aumento da SB. A busca por constante adaptação e produtividade pode resultar em exaustão emocional, física e mental.
A Síndrome de Burnout não se limita a profissionais formados; ocorre também durante a formação acadêmica, com maior incidência entre alunos trabalhadores. O cansaço decorrente das aulas, provas, trabalhos e atividades extracurriculares que os universitários passam diariamente pode causar doenças, diminuir a capacidade de concentração e de compreensão dos estudos. Além disso, pode desenvolver nos alunos sentimentos de preocupação pelo seu desempenho acadêmico e de sensação de fracasso.
Outros fatores contribuidores são a falta de lazer, afastamento familiar e das amizades, relacionamentos pessoais e atividades físicas. Outro aspecto é a redução das horas de sono, por ter que acordar cedo e ir dormir tarde da noite, a fim de redirecionar tempo aos estudos. No período noturno, alunos trabalhadores ainda enfrentam questões de segurança e de proteção. Pode haver, também, preocupação com o pagamento das mensalidades e notas baixas. Universitários de cursos na área da Saúde também podem se sentir muito pressionados porque têm contato direto com os pacientes e responsabilidade nos cuidados da saúde.
Não há uma forma simples e única de prevenir e tratar a SB, mas há formas de conter o esgotamento profissional, como reestruturação de ambientes, adequação de carga horária, melhores condições de trabalho e técnicas de relaxamento. Além disso, é fundamental a orientação aos indivíduos para que repensem hábitos e estilo de vida a fim de se perceber de forma mais consciente, suprimindo e até prevenindo fatores desencadeantes da SB. A saúde mental não pode ficar refém de uma suposta produtividade. Enfim, evitar o esgotamento profissional é preciso.
Prof. Dr. Janote Pires Marques
Docente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu
Doutor em Educação Brasileira, mestre e graduado em História
Saiba mais sobre o Curso de Pedagogia da UniAteneu.