Profissionais de diversas áreas usam grupos em sua rotina profissional, seja na educação em que é comum usar dinâmicas de grupos, aulas em círculos, na área organizacional em seleção de pessoas, treinamento, elaboração de projetos, na área da saúde e na condução de grupos terapêuticos em diversos serviços, para citar estes. Diante disso, gostaria de apresentar o método da Roda, também conhecido como Roda de Conversa, uma ferramenta tecnológica favorável ao modelo de cogestão proposto para o funcionamento de grupos.
De modo geral, a roda é uma metodologia de trabalho que vem sendo desenvolvida em diversos contextos, a partir dos estudos de Paulo Freire sobre o referencial teórico-metodológico da educação popular, inspiradas, sobretudo, nas obras: “Pedagogia do oprimido” (1970), “Pedagogia da autonomia” (1996), “Pedagogia da Esperança” (2003) e, em especial, na proposição dos Círculos de Cultura (1987).
Tal metodologia ou ferramenta tecnológica defende o encontro dialógico entre os diferentes sujeitos para criação de possibilidades de produção de sentidos/saberes e, por isso, sua escolha baseia-se na horizontalização das relações de poder. Na perspectiva de Roda, dissolve-se a figura do mestre/líder como centro do processo e valoriza-se a fala do coletivo como expressão de valores, normas, aspectos culturais, práticas e discursos. Portanto, na Roda a fala é circular e dinâmica de forma que:
“[…] não se ensina, aprende-se em ‘reciprocidade de consciências’, não há professor, há um coordenador, que tem por função dar as informações solicitadas pelos respectivos participantes e propiciar condições favoráveis à dinâmica do grupo, reduzindo ao mínimo sua intervenção no curso do diálogo (FREIRE, 1987, p.6)”.
Nessa conjuntura, as Rodas são mais do que a disposição física (circular) dos participantes. Ela é uma postura ética frente à produção do conhecimento, que surge a partir das negociações entre sujeitos reflexivos. Sendo assim, as rodas têm a função de construção dialógica que produzem conhecimentos coletivos e contextualizados.
Como ferramentas de facilitação dos encontros, seguindo os princípios das Rodas, podem ser utilizadas técnicas de relaxamento, exibição de vídeo e música, atividades lúdicas/integrativas, teatro espontâneo, resolução de situação problema, oficina de confecção de produtos artesanais etc.
Por fim, gostaria de salientar que, a opção pela metodologia da Roda visa romper com o modelo de educação bancária, ainda vigente em grande parte dos espaços de formação, o que, para Freire (1987), além de oferecer tutela/assistência, perpetua estruturas de dominação. Em seu contraponto, as Rodas propõem que homens e mulheres se eduquem e se libertem em comunhão (FREIRE, 1996).
Profª. Ma. Daiana de Jesus Moreira
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Doutoranda em Saúde Coletiva, mestra em Saúde Pública, especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil, em Psicologia Hospitalar e da Saúde, em Gestão Educacional e Educação Especial e em Gestão em Saúde Mental e graduada em Psicologia.
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