A curricularização da extensão, através da Resolução nº 07 de 18 de dezembro de 2018, agregou valores ao ensino superior ao formalizar a atividade extensionista às vivências acadêmicas. Do ponto de vista docente, essa é uma oportunidade para se relacionar o conhecimento científico à rotina comunitária por meio do planejamento de ações direcionadas à identificação e resolução de problemas ou minimização destes, contribuindo com a formação acadêmica a partir de uma projeção do fazer profissional.
Freire (2011) nos apresenta uma educação libertadora como instrumento de transformação social – algo que a extensão acadêmica também oportuniza via orientação docente para que se atinja êxito na relação teoria-prática e se obtenha o fortalecimento do binômio ensino-aprendizagem. Considerando o exposto, trago um breve relato sobre a experiência da extensão acadêmica no Centro Universitário Ateneu (UniAteneu), entendendo que o desenvolvimento dos seus processos de trabalho tem como objetivos empoderar os alunos acerca da construção do próprio aprendizado e articular com a comunidade um conhecimento palpável que se converta em benefício para o cotidiano.
Isso foi claramente observado entre fevereiro e julho de 2023 quando, junto dos cursos das áreas de licenciatura e humanas do centro universitário, coordenei o projeto de extensão intitulado Ramificações Acadêmicas. Foram 218 alunos com participação direta nas atividades que englobaram encontros, curso sobre a importância do ensino e promoção da saúde na comunidade, prestação de serviço e produção científica, resultando na organização de mostra acadêmica de extensão.
Ao longo dos meses de acompanhamento e orientação, percebi sentimentos opostos trazidos em diálogos com os discentes, tais como: a satisfação por colaborar com a comunidade por meio de saber adquirido em sala de aula, receio diante do novo, determinação para execução de tarefas e apreensão com resultados, felicidade com os objetivos alcançados e tristeza pela não participação (sim, alguns alunos, infelizmente, não puderam seguir com a extensão por motivos pessoais).
Apesar da dualidade que foi concomitante aos estudos, foi possível desenvolver fatores críticos, reflexivos e propositivos levando alunos e grupos de alunos a adentraram escolas, igrejas e equipamentos socioassistenciais. Em sequência, as devolutivas foram unanimemente satisfatórias, sendo documentadas em fotos, vídeos e materiais a mim disponibilizados.
Particularmente, vejo nessa ação um investimento basilar para a formação acadêmica e para a inserção do alunado em território que brevemente será um espaço de trabalho, local de constante troca de saberes e amadurecimento profissional. Perceber o entusiasmo e o alcance de metas pelos extensionistas reforça ainda mais a motivação de caminhar sobre o mesmo trajeto com a educação, com o ensino e todo o conjunto de vivências e experiências que estes proporcionam.
No fim das contas, é isso o que nos faz melhores e é isso que me faz apostar em panoramas inovadores como o da educação superior – que são capazes de nos levar a desbravar cenários que nos aproximam dos demais indivíduos em suas necessidades e potencialidades, e junto deles, trilharmos novas estradas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 07, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=104251-rces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 24. ago. 2023.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
Prof. Ediney Linhares da Silva
Docente do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu
Mestrando em Ensino na Saúde, tem MBA Executivo em Saúde, é especialista em Políticas Públicas, Gestão e Serviços Sociais, em Gestão da Educação e em Dança e Educação e graduado em Serviço Social
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