Muito se ouve falar sobre o câncer como uma contraindicação para a realização de drenagem linfática manual (DLM) por existir probabilidade de acelerar ou promover metástase, ou seja, as células cancerígenas se espalharem para regiões distantes do tumor primário e acometer outras regiões em decorrência da massagem. E ao contrário do que se pensa, a drenagem linfática não tem capacidade de fazer com que o câncer se espalhe pelo corpo, basta entender um pouco sobre a base genética da Oncologia.
Além disso, os principais fatores que estimulam a circulação venosa e linfática são a respiração e a contração muscular. Se pensarmos somente nisso, qualquer paciente já teria o estímulo para que as células malignas se espalhassem pelo corpo. Existem vários fatores complexos que causam a metástase do câncer e o próprio corpo realiza a drenagem linfática. A massagem apenas aumenta o fluxo no qual a linfa circula. Então, ela não teria influência na disseminação da doença.
Sabemos que a drenagem linfática vai muito além de um tratamento estético para melhorar a disfunção do corpo, e quando associamos ao tratamento decâncer, pode ser muito benéfica para o paciente, atuando na prevenção e tratamento das complicações advindas das intervenções oncológicas e da evolução do câncer, onde vai promover melhora da qualidade de vida e redução dos diversos sintomas decorrentes do câncer e de seu tratamento, como por exemplo, dor, ansiedade, náusea entre outros.
Além disso, a DLM atua especialmente para a prevenção e tratamento de linfedemas, uma das principais complicações decorrente do câncer, que ocorrem quando a linfa corporal se acumula nos tecidos moles do corpo, habitualmente nos braços ou nas pernas, causando inchaço, dormência e desconforto para os pacientes. Porém, antes de dar início ao tratamento, é importante ter a liberação médica em qualquer caso.
Ainda há muitos médicos que não liberam o paciente para receber tratamento com drenagem linfática, mas alguns médicos indicam, pois acreditam que não há piora da doença e que os benefícios ajudam de forma relevante no tratamento. Assim, o mais indicado é trabalhar em equipe e respeitando as orientações do médico.
Em um estudo publicado no Journal of Phlebology and Lymphology (2009), ao avaliar 49 pacientes oncológicos com linfedema tratados com DLM, bandagens e exercícios, concluíram que a DLM associada ao tratamento do linfedema não agravou o risco de metástase no grupo estudado. Portanto, a drenagem linfática pode ser realizada em pacientes com câncer em diferentes fases da doença. Porém, é preciso que os riscos e benefícios sejam levados em consideração.
Lembrando que cada paciente é único e cada caso e situação deve ser avaliada particularmente, para que se possa escolher a melhor estratégia de tratamento. Os benefícios dessa técnica são muito relevantes para o sucesso do tratamento do paciente oncológico, levando em consideração o estado emocional e melhorando a resistência durante todo o tratamento.
Profª. Antônia Leilah Abreu de Sousa Moreira
Docente do Curso de Estética e Cosmética do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional e graduada em Fisioterapia
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