A trombose venosa profunda (TVP) é a formação de trombos em veias profundas, sendo mais comum em membros inferiores. Os trombos podem causar oclusão parcial ou total do sistema venoso profundo, e as principais complicações decorrentes dessa doença são a insuficiência venosa crônica/síndrome pós-trombótica e a embolia pulmonar (EP). Esta última tem alta importância clínica, por apresentar alto índice de mortalidade. A EP ocorre após o desprendimento de um trombo e a obstrução do fluxo sanguíneo na artéria pulmonar, com consequentes eventos cardiorrespiratórios.
Os fatores ligados à gênese dos trombos são classificados em hereditários e adquiridos. Entre os fatores adquiridos, podemos citar a síndrome do anticorpo antifosfolipídio, câncer, hemoglobinúria paroxística noturna, idade maior de 65 anos, obesidade, gravidez e puerpério, doenças mieloproliferativas, síndrome nefrótica, hiperviscosidade, trauma, cirurgias, imobilização e o uso de contraceptivos hormonais.
Os anticoncepcionais hormonais são os métodos contraceptivos mais usados pelas mulheres e no Brasil, a maioria das mulheres em idade reprodutiva utilizam algum método anticonceptivo, sendo os anticoncepcionais hormonais os mais utilizados. Contudo, estudos apontam uma relação entre o uso de anticoncepcional e o risco aumentando da trombose venosa profunda.
O uso de contraceptivos orais aumenta coagulação sanguínea devido ao componente estrogênico, que dependendo da dose, pode aumentar os fatores da coagulação e diminuir fatores anticoagulantes. Adicionalmente, existem hormônios, como a drospirenona, com a maior probabilidade de TVP. O componente progestagênio não altera os fatores de coagulação, mas aumenta a atividade fibrinolítica, o calibre do vaso, diminui a velocidade do fluxo sanguíneo e aumenta a prostaciclina.
Dentro deste contexto, apesar do amplo uso dos anticoncepcionais hormonais pela população e de uma forte relação com TVP, os estudos ainda apresentam resultados divergentes, com alguns pontos importantes a serem esclarecidos, tais como a relação com ao tipo de hormônio, dose, tempo de uso e a presença de outros fatores de riscos relacionados. Assim, é importante a implantação de políticas educacionais ou campanhas no âmbito da sexualidade, visando à orientação de jovens quanto ao uso e riscos dos anticoncepcionais hormonais.
Profª. Drª. Markênia Kélia Santos Alves Martins
Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Ateneu
Doutora em Biotecnologia em Saúde, mestra em Microbiologia Médica, especialista em Microbiologia e Micologia e graduada em Análises Clínicas e Toxicológicas e em Farmácia
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