Autoimagem na sociedade do consumo: efeitos sobre a não aceitação de corpos naturais femininos

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“Honrar a nós mesmas, amar nossos corpos, é uma fase avançada na construção de uma autoestima saudável” (Bell Hooks).

Diante do presente momento, mesmo com todo o debate sobre a liberdade de ser quem se é, ainda é perceptível um discurso do que é considerado belo e aceito socialmente. Corpos magros, malhados, com rostos harmonizados, jovens e repletos de procedimentos estéticos parecem ser o mais reconhecido para se alcançar um padrão atraente. Toda uma gama de artifícios, reforçados pelos filtros das famosas redes sociais, ocasionam uma busca incessante pela aprovação e de não conformidade com o verdadeiro eu.

Nota-se que, apesar da importância de direcionar o olhar para a saúde e para uma melhor qualidade de vida, vê-se que esta se mostra como uma “cortina de fumaça” para um problema maior, a da adequação de padrões de opressão dos indivíduos, em especial, ao corpo feminino. Essa problemática se torna sensível quando, um estudo realizado em 2020, pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), mostra que no Brasil foram realizadas 1.306.962 intervenções cirúrgicas estéticas, especialmente, entre mulheres, comprovando o aumento pela busca de tais procedimentos.

Um outro estudo, realizado pela pesquisadora em envelhecimento e longevidade, Gisela Castro, demonstra os impactos da pressão estética, afetando diretamente a forma de envelhecer das mulheres, no qual as marcas de expressão e os cabelos brancos, vistos por esse recorte de gênero, são tidos como uma perda da funcionalidade e da beleza, o que não ocorre muitas vezes com o gênero masculino, sendo notado como sinônimo de amadurecimento e visto de forma socialmente atraente, por exemplo.

A busca pelo corpo perfeito e jovem abre uma lacuna de angústia para aquelas que estão cansadas de lutar por uma adequação estética-social, impossibilitando destas observarem suas qualidades e peculiaridades, dirigindo-se cada vez mais para o olhar pela visão do outro e não para si. Esse comportamento é extremamente prejudicial, pois cada mulher possui uma história, uma psicologia, características corporais e anatômicas singulares, tornando inviável que todas estejam se percebendo da mesma maneira.

Perante o exposto, essa discussão não deve se encerrar por aqui e se mostra essencial para que se possa reforçar o discurso do olhar para si própria com gentileza e aceitação, abraçando as inseguranças, incertezas, mas também o que mais é valorizado de maneira peculiar. Assim, será mais bem trabalhado o amor-próprio, obtendo, por fim, qualidade de bem-estar e saúde mental.

Profª. Dhâmaris Fonseca do Amarante
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Gênero e Sexualidade, graduada em Psicóloga (CRP 11/17528) e terapeuta sexual

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