Tumores são populações celulares heterogêneas hierarquicamente organizadas, cujas células-tronco possuem importância relevante desde que são células com a capacidade de se renovarem e de gerarem linhagens em fases diferentes. Dada a sua importância, a identificação de componentes de células-tronco é essencial para o entendimento da tumorigênese.
A primeira evidência do papel de células-tronco no câncer foi em 1994 em um estudo com pacientes com leucemia mielóide aguda. Anos depois, células-tronco do câncer humanas foram identificadas em tumores sólidos, incluindo câncer do cérebro, como os gliomas. Os gliomas são tumores que se originam de células gliais, como os astrócitos, oligodendrócitos, microglia e ependimócitos, sendo os astrocitomas, gliomas derivados dos astrócitos, os mais frequentes. Os astrócitos são células responsáveis pelo suporte tecidual, nutrição, equilíbrio iônico, metabolismo dos neurotransmissores e defesa imunológica dos neurônios e comunicam-se entre si através de sinais químicos, formando uma rede independente e paralela à neuronal, auxiliando a formação de sinapse.
Em gliomas, a presença de células-tronco e progenitoras, além de levantar questionamentos sobre a origem desses tumores, tem sido relacionada à progressão tumoral em malignidade, conduzindo aos fenótipos de baixa graduação a graus mais elevados e à resistência à terapia. Independente da origem celular desses tumores, a importância de definir as linhagens celulares vem das evidências de que a diferença de resposta à terapia mostra correlação com a linhagem celular, desde que as células mais indiferenciadas, como as células-tronco, e são relacionadas à maior resistência à terapia.
Adicionalmente, essas células são distinguidas de outras células no tumor por alterações na expressão de seus genes, incluindo aqueles que codificam marcadores de superfície celular, como a nestina, CD133, CD44, CXCR4, CD29 e CD24 ou fatores de transcrição, como OLIG2. Em ambas as possibilidades, a expressão de antígenos relacionados à célula precursora se fará presente e poderá ser usada como marcadores de linhagem celular. A presença de subpopulações de células-tronco em gliomas é indicativa de progressão tumoral e podem ser potencialmente usados, em conjunto, como marcadores prognósticos e de direcionamento terapêutico.
Profª. Drª. Markênia Kélia Santos Alves Martins
Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Ateneu
Doutora em Biotecnologia em Saúde, mestra em Microbiologia Médica, especialista em Microbiologia e Micologia e graduada em Análises Clínicas e Toxicológicas e em Farmácia
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