Vitrúvio: práticas contemporâneas de um arquiteto pretérito

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O Tratado de Arquitetura de Vitrúvio se apresenta como única obra teórica sobre a arquitetura greco-romana, legada pela antiguidade. Portanto, ele se caracteriza, por si só, como uma fonte singular, que exerce grande influência em todos os profissionais e estudiosos. Entretanto, o tratado se destaca em importância por também possibilitar novas leituras históricas, uma vez que compreende conhecimentos que se manifestam além das técnicas e práticas arquitetônicas e construtivas, ao oferecer em seus prefácios/preâmbulos e capítulos uma escrita com caráter autobiográfico, detentora da escrita de si.

Marco Vitrúvio Pollio viveu no século I a.C. Ele foi arquiteto, engenheiro, agrimensor, pesquisador e teórico romano. Vitrúvio ficou conhecido pelo “Tratado da Arquitetura”, em dez volumes, única obra teórica de Arquitetura que nos legou a antiguidade. Estudos apontam que o autor nasceu provavelmente em 88 a.C. e faleceu em 26 a.C., período marcado por alterações fundamentais na arquitetura romana.

O Tratado de Arquitetura de Vitrúvio é composto por dez livros, com informações sobre arquitetura, planejamento urbano, ordens gregas, técnicas, edifícios públicos e privados, materiais de construção, descrição de mecanismos de aplicação civil e militar, relógios e máquinas hidráulicas. Existem registros de que desenhos acompanhavam a obra, porém, todas as ilustrações do autor sobre as descrições foram perdidas. A obra se caracteriza por ser a primeira teorização desenvolvida sobre arquitetura, manual de urbanismo, construção, decoração e engenharia que se conhece.

A obra “Da Arquitetura”, escrita no século I a.C., configura-se como o mais antigo tratado sobre Arquitetura que chegou até nós. Contudo, esse tratado acolhe uma série de escritos gregos sobre a arquitetura, esboçando a concepção e as intenções dos seus construtores. O tratado de Vitrúvio se configura como um testemunho fundamental e significativo da regulamentação política e social romana no campo artístico e construtivo.

A sua estrutura analítica do processo de criação arquitetônica: Venustas (estética), firmitas (técnicas construtivas) e utilitas (funcionalidade) formam a tríade e estrutura basilar para qualquer projeto de arquitetura da contemporaneidade. A obra de Vitrúvio fornece ao leitor uma compreensão mais aprofundada sobre as técnicas da arquitetura romana. Sua obra resistiu ao devir histórico e nos transmite o conceito de antiguidade dos indivíduos em seu período, informando sobre as intenções dos novos comportamentos artísticos, arquitetônicos e ornamentais.

Ela permite-nos uma reflexão teórica única sobre o urbanismo, a arquitetura e a decoração dos edifícios da época, apresentadas pelas propostas vitruvianas e vinculadas também ao pensamento construtor da civilização romana em um dos seus períodos áureos – contextualizadas no domínio da “Pax Romana” pelo mundo antigo junto à sociedade e às artes de culturas sob influência romana, revelando sua importância contemporânea às realizações clássicas e às épocas que se sucederam.

Prof. Dr. Frederico Augusto Nunes de Macêdo Costa

Coordenador de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores da UniAteneu

Doutor em Planejamento Urbano, mestre em Geografia Urbana, especialista em Gestão Ambiental e em Geoprocessamento Aplicado à Análise Ambiental e aos Recursos Hídricos e arquiteto e urbanista

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