Violência como um problema de saúde pública

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Estamos vendo em tempo real graças à rapidez e à globalização da Internet e da informação cenas nos noticiários e nas redes sociais da guerra entre Rússia e Ucrânia, fotos de mortos e feridos que nos comovem, mobilizam e nos questionam se esta guerra poderia atingir a nós. Parece distante, no lado leste da Europa, mas enquanto isso, em nossa rua, nos espaços que frequentamos também acontecem cenas frequentes de violência, com números de mortes, feridos e sequelas superiores ao que até agora tem atingido lá, considerando que o Ceará é um dos estados mais violentos do Brasil.

Tal contexto evidencia que a violência possui aspectos político, cultural, policial, jurídico e também é um caso de saúde pública pelo número de vítimas e pela magnitude das sequelas orgânicas e emocionais que produz. A sucessão sem-fim de casos que se apresentam no cenário urbano cria a sensação profunda de insegurança e medo, provocando um retraimento generalizado das pessoas, que se cercam em suas casas, abandonando em maior ou menor medida os espaços públicos.

A realidade da violência compõe-se de diversas formas: estar exposto frequentemente a imagens violentas nos meios de comunicação; testemunhar atos violentos na própria comunidade; sentir-se ameaçado pela violência, fazendo surgir sentimento de impotência; e sofrer violência, tanto quanto presenciá-la. Tudo isso tem sido associado a problemas psicológicos e sociais, com o surgimento da síndrome de estresse pós-traumático, com ansiedade, depressão, tristeza profunda e comportamento de afastamento social.

Desse modo, do ponto de vista da saúde pública, é essencial oferecer serviços que minimizem o sofrimento, seja no nível secundário, prestando assistência às vítimas imediatamente após a ocorrência do trauma; seja no nível terciário, para reduzir a incapacidade para aqueles que desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT); ou no nível primário para prevenção e promoção da saúde, considerando que os serviços de saúde pública apresentam-se como um cenário promissor de práticas de enfrentamento a essa problemática, pois, cotidianamente, os profissionais acessam as dinâmicas de territórios com altas taxas de violências e devem, com efeito, desenvolver intervenções orientadas por uma concepção ampliada de saúde que contemple os determinantes sociais do processo saúde-doença-cuidado.

Profª. Ma. Daiana de Jesus Moreira
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Doutoranda em Saúde Coletiva, mestra em Saúde Pública, especialista em Gestão Educacional e Educação Especial e em Gestão em Saúde Mental e graduada em Psicologia

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