A Síndrome Metabólica (SM) tem sido alvo de muitos estudos nos últimos anos, podendo ser definida como um grupo de fatores de risco interrelacionados, de origem metabólica, que diretamente contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV) e/ou diabetes do tipo 2, sendo considerados fatores de risco metabólicos: dislipidemia aterogênica (hipertrigliceridemia, níveis elevados de Apolipoproteína B, partículas de LDL-colesterol pequenas e densas e níveis baixos de HDL-colesterol), hipertensão arterial, hiperglicemia e um estado pró-inflamatório e pró-trombótico. Ainda não se estabeleceu uma causa única ou múltiplas causas para o desenvolvimento da SM, mas sabe-se que a obesidade abdominal e a resistência à insulina parecem ter um papel fundamental na gênese desta síndrome.
Existem muitas definições para a Síndrome Metabólica (SM), sendo elas: NCEP/ATP III; IDF, OMS e outras. Entretanto, não podemos nos deixar levar por tantas definições e esquecer da seriedade desta síndrome com o mal que ela provoca. O excesso de peso é o principal fator de risco para o seu desenvolvimento. O estudo Nhanes III mostrou que, de acordo com os critérios da ATP III, teriam síndrome metabólica: 4,6% dos homens com IMC normal; 22,4% dos homens com sobrepeso; 59,6% dos homens obesos; 6,2% das mulheres com IMC normal; 28,1% das mulheres com sobrepeso; 50,0% das mulheres obesas.
A obesidade contribui para a hipertensão, níveis elevados de colesterol total, baixos níveis de HDL-colesterol e hiperglicemia, que por si próprios estão associados a um risco elevado de doença cardiovascular. A obesidade abdominal se correlaciona com fatores de risco metabólicos, pois o excesso de tecido adiposo libera produtos que aparentemente exacerbam este risco. Um outro fator de risco para a SM é a resistência à insulina, que geralmente acompanha a obesidade. A resistência à insulina nos músculos predispõe intolerância à glicose, que pode ser exacerbada pela gliconeogênese hepática, devido à resistência à insulina no fígado.
A prevalência da SM aumenta com o avançar da idade, alcança o pico na quarta década de vida para homens e na quinta década de vida para mulheres. A prevalência também é maior em pessoas de baixa renda (principalmente em mulheres), em tabagistas e em homens sedentários. Recomendo que a obesidade seja o alvo principal do tratamento da SM. A perda de peso melhora o perfil lipídico, abaixa a pressão arterial e a glicemia, além de melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de doença aterosclerótica. Este tratamento deve ser baseado em modificações do estilo de vida dos sujeitos, promovendo um aumento da atividade física e reeducação em sua da alimentação cotidiana, evitando uma dieta aterogênica.
A dieta recomendada para as pessoas diagnosticadas com SM deve ser composta por carboidratos complexos e integrais (representando entre 45 e 65% do valor calórico total diário), proteínas (10-35% do valor calórico diário total) e gorduras (20-35% do valor calórico diário total), dando-se preferência às gorduras mono e poli saturadas. Além disso, deve haver um controle da ingestão de sódio, que tem significante impacto no controle da pressão arterial.
Em relação aos exercícios físicos, o recomendado é praticar pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica de moderada intensidade diariamente. Mesmo que o exercício físico não promova uma perda de peso significativa, existem evidências de que haja redução do tecido adiposo visceral. A atividade aeróbica melhora a homeostase da glicose, promovendo o transporte de glicose e a ação da insulina na musculatura em exercício. Ademais, melhora o perfil lipídico, aumentando os níveis de HDL-colesterol e diminuindo os triglicérides.
Além do tratamento da obesidade, o tratamento medicamentoso dos componentes da SM deve ser considerado, quando não há melhora destes apesar das mudanças de estilo de vida, para que haja diminuição do risco de doença aterosclerótica. Até o momento não existe nenhuma droga específica recomendada para tratamento da SM. As recomendações para o tratamento medicamentoso devem seguir os guidelines estabelecidos para cada fator de risco.
É concluído que a Síndrome Metabólica é uma entidade complexa, sem ainda uma causa bem estabelecida. Sua prevalência aumenta com o excesso de peso, principalmente, com a obesidade abdominal, e está associada a um aumento de risco de doenças cardiovasculares e de diabetes do tipo 2. Independentemente dos critérios utilizados para seu diagnóstico, é de comum acordo que acredito realmente, que mudanças no estilo de vida, com o objetivo primário de perda de peso, sejam introduzidas. Atividades físicas de forma organizada e sistemática faz uma diferença no trato e diminuição de uso de medicamentos contínuos, bem como uma longevidade saudável maior e melhor.
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Prof. Me. Júlio César Fernandes de Sousa
Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Ciências da Saúde, especialista em Fisiologia e Biomecânica, em Treinamento Desportivo e em Ginástica Escolar e graduado em Educação Física
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