Psicologia Ambiental além dos cuidados com a natureza

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Você já parou para pensar o que faz parte de um ambiente? Que fatores o compõem? Será que podemos dizer que apenas a estrutura física deve ser contemplada e percebida? Mais uma pergunta: você já ouviu falar na Psicologia Ambiental? Que tal conhecer um pouco sobre ela? De acordo com esta área aplicada da Psicologia, faz parte dos ambientes, além da estrutura física (construída e/ou natural), as pessoas, o clima relacional, as políticas de conduta e as comunidades do entorno. Observar os variados ambientes a partir das ideias da Psicologia Ambiental é necessário a fim de esclarecer o que acontece a partir da relação pessoa-ambiente a ponto de gerar transformações em ambos, bem como as significações, os sentidos e os afetos que surgem a partir dessa relação.

A Psicologia Ambiental apresenta uma proposta de estudo das relações que são estabelecidas entre as pessoas com seus ambientes imediatos ou distantes. Ittelson (1978), como citado em Cavalcante e Elali (2011), apresenta que o interesse desta disciplina recai sobre o modo como uma pessoa vivencia os aspectos ambientais na relação com o seu entorno, onde são relevantes não apenas os aspectos físicos, mas também os psicossociais (cognição, afetos, preferências), socioculturais (significados, valores, estética) e históricos (contextos políticos, economia), além dos propósitos da pessoa na situação. Deste modo, o conceito de ambiente é definido com uma compreensão multidimensional que considera as variáveis de um lugar, formando uma unicidade a se observar e investigar – tanto as condições sociais e psicológicas quanto as condições físicas ou concretas. Isto é, os fatores que fazem parte do ambiente são indissociáveis. (Campos-de-Carvalho, 2011; Cavalcante & Nóbrega, 2011).

Essa disciplina se encontra como uma recente área de atuação dentro da ciência psicológica, caracterizada como prática profissional que já nasceu interdisciplinar, com contribuições da Arquitetura, da Geografia Humana, das Ciências Biológicas e da própria Psicologia (Pinheiro, 1997). Essa interface partiu inicialmente não de psicólogos, mas de pesquisadores de áreas afins interessados em compreender mais a respeito das influências dos variados ambientes naturais e/ou construídos sobre o comportamento humano, de como as pessoas são afetadas em suas formas de agir, pensar e sentir por causa dos efeitos sociais e das edificações (Moser, 1998).

De acordo com Moser (1998), as influências do ambiente muitas vezes não são percebidas, pois as pessoas consideram que tais aspectos fazem parte delas, ainda que não tenham consciência desta afetação bidirecional. Afirma ainda que alterações sofridas em qualquer um dos seus componentes acarretam também em modificações nas demais partes, conferindo ao ambiente uma nova feição. Assim, a Psicologia Ambiental aponta que determinadas especificidades ambientais tornam possíveis algumas condutas, enquanto inviabilizam outras, sejam fatores de micro ou macro ambientes sobre as pessoas e grupos (Moser, 1998).

Dentro desta perspectiva de estudo e ação, alguns temas são básicos para estudo e compreensão da relação pessoa-ambiente, como o apego ao lugar, a topofilia, espaço e lugar, percepção ambiental, apropriação e identidade temporal, comportamento pró-ambiental entre outros. É necessário entendermos aqui a importância de se olhar os espaços em sua inteireza e mutualidade de afetações, isto é, de algum modo sofremos influências e também transformamos os lugares que passamos e/ou permanecemos.

Estar atento à essa bidirecionalidade pode favorecer uma amplitude em nossa percepção sobre nós mesmos e sobre o coletivo, entendendo também que essa percepção é atravessada por nossa história de vida e tudo que a contemplou, por nossas emoções, sentimentos, pensamentos, sentidos e personalidade. A Psicologia Ambiental vem com esse olhar sobre o todo, contribuindo com seus estudos, pesquisas e aplicações sobre os variados ambientes que frequentamos, quer escola ou casa, quer estádios de futebol ou vias da cidade, quer campo virtual ou literário, construído ou natural. Mergulhe neste saber tão vasto que vai muito além de cultivar a natureza.

Profª. Ma. Juliana de Souza Ferreira Vieira
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Psicologia, especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica e graduada em Psicologia

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