Controle microbiano

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O controle microbiano visa destruir, inibir ou remover microrganismos de uma superfície biótica ou abiótica através de métodos físicos e agentes químicos para controlar o crescimento dos microrganismos. Atualmente, hospitais, indústrias e laboratórios utilizam desses métodos para controlar a proliferação, desinfectar e esterilizar materiais e produtos. Além disso, os seres humanos fazem o controle microbiano rotineiro através da higiene pessoal e excreção.

Anos atrás, os médicos Semmelweis e Lister introduziram as primeiras práticas de controle microbiano para procedimentos médicos, como a lavagem das mãos antes do parto e desinfeção de instrumentos médicos para manter incisões cirúrgicas livres de contaminação. A partir dessas ideias, termos foram frequentemente usados para discutir o controle do crescimento microbiano, como: esterilização, desinfecção, antissepsia e sanitização.

A esterilização é um termo absoluto onde ocorre a remoção ou destruição de todas as formas de vida microbiana, enquanto a desinfecção é a destruição de patógenos na forma vegetativa (não formadores de endósporos) em superfícies e objetos inanimados. A antissepsia se assemelha à desinfecção em relação a destruição de patógenos, porém, ocorre em tecidos vivos.

Os nomes dos tratamentos que causam a morte direta dos micro-organismos possuem o sufixo -cida, significando morte. Outros tratamentos que somente inibem o crescimento têm o sufixo -stático ou -stase, significando parar ou diminuir. Outros termos envolvidos como assepsia é a ausência de contaminação significativa, que é importante em cirurgia para minimizar a contaminação dos instrumentos, da equipe cirúrgica e do paciente e asséptico significa que um objeto ou área está livre de patógenos.

Quando as populações bacterianas são aquecidas ou tratadas com substâncias químicas antimicrobianas, elas normalmente morrem em uma taxa constante, porém, dependem de fatores como quantidade de microrganismos, tempo de exposição, características dos estruturais microbianos e influências ambientais, por exemplo, a presença de matéria orgânica. Entre organismos mais resistentes de serem tratados/eliminados estão as proteínas príons e os endósporos e os mais susceptíveis estão os vírus envelopados.

Entre os métodos físicos mais utilizados em laboratório para eliminação e controle microbiano estão o calor (úmido e seco), filtração, frio e a radiação. O calor úmido pode ser utilizado para a desinfecção, sanitização e esterilização através da desnaturação de proteínas microbianas pela fervura, pasteurização e autoclavação. Dentre estes, a autoclavação é o método mais utilizado para esterilização de materiais, com o auxílio de uma autoclave que é um dispositivo selado que utiliza o vapor de água sob pressão de 1,1 kg/cm2 a temperatura de 121 ºC por 15 minutos pode eliminar todos os microrganismos, utilizando fitas indicadoras de calor como controle de qualidade no processo.

O calor seco é menos eficiente que o calor úmido, porém, também é utilizado nos laboratórios de Microbiologia, principalmente, no uso do bico de Bunsen – flambagem de alças – e estufas de secagem. A filtração ocorre, geralmente, pela passagem de um líquido através de um material semelhante a uma tela, com poros pequenos para reter micro-organismos, utilizado para realizar a esterilização de materiais sensíveis ao calor, como por exemplo: reagentes, enzimas e meios de cultura.

Além disso, filtros Hepa encontrados em capelas de fluxos laminar podem reter microrganismos >0,3 micrometros e filtros de membrana até >0,223 micrometros. Por fim, a radiação pode ser dividida em ionizantes (raios X e gama) e não-ionizantes (ultravioleta). Os raios UV causam mutações no DNA pela formação de ligações entrebases pirimidinas adjacentes, pouco penetrante e geralmente são instaladas em fluxos laminares como lâmpadas germicidas para a descontaminação de superfícies com um tempo mínimo de 15 minutos para agir no controle microbiano.

Os métodos químicos podem ser divididos entre os principais grupos de substâncias químicas utilizadas para a descontaminação e esterilização de tecidos vivos e materiais como: fenóis, biguanidas, halogênios, álcoois, agentes de superfície (sabões e detergentes), esterilizantes gasosos e aldeídos. Os mais comumente utilizados são clorexidina (biguanidas) como antisséptico pré-cirúrgico; iodóforos (halogênios) usado para tratamento de feridas; cloro (halogênios) hipoclorito de sódio – água sanitária pode ser utilizado como desinfetante em superfícies pré-limpas e esterilizante de materiais resistentes dependendo do tempo de ação; álcool 70% etanol e isopropílico (álcoois) são utilizados como antissépticos; os sabões e detergentes tem pouco valor como antisséptico e possuem a função importante na remoção mecânica e emulsificam das secreções oleosas da pele, facilitando a remoção de microrganismos; o óxido de etileno (gases esterilizantes) tem alto poder de penetração e é utilizado na indústria para esterilização de materiais; o formol e glutaraldeído (aldeídos) são substâncias químicas esterilizantes e podem ser utilizados para desinfetar ambientes pela sua volatilidade ou esterilizar instrumentos hospitalares, incluindo endoscópios.

Prof. Me. Expedito Maia Diógenes
Docente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Ateneu
Doutorando e mestre em Microbiologia Médica, especializando em Vigilância Sanitária de Alimentos e graduado em Medicina Veterinária e em Bioscience – Microbiology

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