A Logística é o movimento de qualquer coisa no planeta. É fácil saber que quando algo se move, modifica o ambiente por onde passa inevitavelmente. Então, torna-se necessário o cuidado para que estes movimentos causem o mínimo de efeitos transformadores no meio ambiente. Coloco aqui o exemplo mais premente que torna qualquer produto mais caro no Brasil: as estradas e rodovias. Por onde se estendem, já destruíram espaço, cenários e meio ambiente vivo, mas continuam destruindo pelo percurso por onde traçam, seja por poluição dos veículos (sonora, do ar, das águas, lixo humano) ou pela própria presença do asfalto na região que modifica todo o habitat de espécies e fluxos vitais.
Um país como o Brasil precisa de modais com alta eficácia e baixo impacto em diversas áreas, inclusive, na financeira. Com uma costa atlântica de 7.491 km e 17 estados com portos em atividades, fica absurdo ignorar que o potencial do transporte marítimo em larga escala já é uma realidade em demanda econômica.
Segundo o Anuário CNT do Transporte de 2020, os portos brasileiros movimentaram 794 milhões de toneladas de cargas em 2019, sendo a maior parte de granel líquido e gasoso. As cargas sólidas não chegaram a 17% do montante nacional. Já o transporte rodoviário foi responsável por 62% de todas as cargas movimentadas no país.
A malha ferroviária é uma resposta de menor investimentos a atuação mais rápida para países com territórios gigantescos como o Brasil. A malha atual só existe praticamente no Norte entre minas e portos e no Sudeste entre portos e distribuidores de grãos, não chegando a 8% da necessidade demandada pelo fluxo de mercadorias.
O Brasil tem seu território com poucas variações de altura e acidentes geográficos permitindo instalações mais baratas no percurso da malha. Vários projetos foram aprovados desde 1984, mas com a alternância de governos, investidores e interesses particulares, o país perde sempre sua capacidade de crescimento tecnológico e econômico.
Observando as respostas implantadas em dezenas de países que ascenderam ao topo da produtividade, distribuição e efetividade logística, pode-se afirmar facilmente que não há boa vontade por parte de grupos majoritários em mudar a exploração dos sistemas antigos, ultrapassados e com domínios de marcas e investidores particulares. A mudança somente virá com força de Lei e vontade política, desde que o grupo dominante entende o futuro do país.
Prof. Me. Mariano Lins
Docente do Curso de Logística do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Gestão e Auditorias de Meio Ambiente, especialista em Logística Empresarial, graduado em Marketing de Varejo e é consultor empresarial.
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