Os perfis psicográficos de Stanley C. Plog no âmbito do turismo

O artigo baseia-se no conceito de tipologia criada por Plog (1977) e atualizada em (PLOG, 2001), conforme no decorrer deste artigo. Esta tipologia, criada em 1972, é uma das mais citadas na literatura. Conforme Plog (1977), as causas de crescimento e queda de destinos, o autor identificou em 1967 um estudo dos perfis de turistas, por empresas do ramo turístico e por 16 companhias áreas. No início, foi identificado por que alguns indivíduos da população norte-americana que não viajavam de avião mesmo tendo renda. Foi identificado pelo autor três razões relacionadas com ansiedades, impotência e restrição territorial.

Estes indivíduos tradicionais e reservados em termos turísticos foram identificados como psicocêntricos, o perfil oposto como alocêntricos, indivíduos aventureiros e destemidos e mesocêntricos, indivíduos que viajam por entretenimento e um turismo em massa, e seguem a movimentação de festas. Desta forma, neste artigo, Plog segmentou os turistas em psicocêntricos, como sendo os que preferem segurança ou destinos mais visitados como os resorts e os alocêntricos, sendo os amantes do exótico, com alta renda e desenrolados quanto as viagens.

O autor detectou em uma pesquisa que a população norte-americana apresenta uma correlação entre cada fase da vida, seja estudante, empregado, empregador e aposentados. Há restrições ligada ao nível de renda e escolhas e qualquer perfil se adequa ao seu bolso, sendo psicocêntrico, mesocêntrico ou alocêntrico.

Segundo Plog (1977), dividiu o turistas em três grupos com suas respectivas caraterísticas e suas limitações.

  1. Perfil alocêntrico (exotic) – Características principais: São indivíduos com perfil mais aventureiros, curiosos e investigadores. O desvendar de novos destinos turísticos é sua principal motivação de viagem com trocas de experiências e amizades com os estrangeiros e com gastronomia exótica e diferenciada. Raramente retornam ao mesmo local. Demandam destinos exóticos ou diferentes de seu habitat. Em geral, tem renda mais alta e gastam bastante com viagens. Compram pacotes básicos, incluindo transporte e hospedagem, que permitam flexibilidade de horário e liberdade, tem prazer pelo desconhecido, experimentam novas marcas e produtos, viajam com muita frequência e são altamente exigentes.
  1. Características do perfil mesocêntrico (mass tourism) – Demandam os lugares da moda. A diversão é sua maior motivação com a necessidade de quebra de rotina. Buscam lugares com agitação e com boa infraestrutura turística, viajam em grandes grupos e possuem uma renda média. São mais passivos e menos exigentes e viajam com pouca frequência. Geralmente é um grupo responsável pelo turismo de massa.
  1. Características do perfil psicocêntrico (family environment) – São indivíduos conservadores que preferem destinos turísticos seguros e conhecidos ou ambientes familiares. Retornam várias vezes ao mesmo local. Adquirem pacotes de viagem completos e tem um perfil de gasto moderado.

Considerações finais

O turismo é uma das atividades com maiores efeitos multiplicadores sobre a economia, impactando redes hoteleiras, companhias aéreas, parques temáticos, guias de turismo, restaurantes, dentre outros. A sinergia entre o turista e o destino resultam em um relacionamento que pode conduzir aquele ao desenvolvimento e ao crescimento econômico, dentro de políticas públicas com gestão em planejamento preferencialmente sustentável, à medida que a localidade se organiza e dinamiza o setor turístico.

Assim sendo, são gerados aumento do consumo de bens e serviços, da oferta de empregos, a elevação do bem-estar da população, além de melhorias na infraestrutura do destino (água, energia, saneamento, recolhimento do lixo, rodovias pavimentadas e sinalizadas e transportes públicos, dentre outros). Isso implica investir não só em locais já em evidência turística, mas também em praias e locais em regiões de beleza natural pouco conhecidas, assim como em turismo cultural, gastronômico, náutico, religioso e territorial (serras, sertões).

Há uma motivação entre os norte-americanos de viajar pelo próprio país, pois a cada lugar da América tem suas peculiaridades, calor no verão, neve, ventanias e climas mais amenos. É algo cultural entre eles. Eles valorizam a economia doméstica. Os norte-americanos são muito tecnológicos e precisos, não os importam saber sobre a história de outros países geográfica, política ou culturalmente, linkado com a cultura americana que é um misto de diversidade de europeus no novo mundo América.

Com essa tipologia descrita nesse artigo, entende-se as especificidades de cada tipo de turista dentro da realidade americana. Lembrando que para países emergentes, há muitas limitações nesse panorama, sendo uma mescla de perfis para melhor compreender os emergentes, pois cada um tem seus valores e culturas a serem abordados por turistas e visitantes, seja nacional ou internacional.

Por fim, diante de mudanças diversas no cenário atual, extremamente incerto em razão da pandemia da Covid-19, modificam-se exponencialmente, por sua vez, as expectativas das demandas turísticas a serem avaliadas. Desta forma, entender o que pode ser feito e qual política tem mais impacto na promoção e recuperação do turismo no Brasil – onde o turismo tem um peso considerável para a economia –, torna-se ainda mais importante.

BIBLIOGRAFIA

PLOG, Stanley C. Why destination areas rise and fall in popularity. Cornell hotel and restaurant administration quarterly, v. 14, n. 4, p. 55-58, 1974. ______ Why destination areas rise and fall in popularity. In: KELLY, E. Domestic and International Tourism. Wellsbury: Institute of Certified Travel Agents, 1977.

PLOG, S. C. Leisure Travel: Making it a Growth Market… Again! New York: John Wiley and Sons, 1991.

______ Why destination areas rise and fall in popularity. In: KELLY, E. Domestic and International Tourism. Wellsbury: Institute of Certified Travel Agents, 1977. PLOG, S. C. Leisure Travel: Making it a Growth Market . . . Again! New York: John Wiley and Sons, 1991.

_________ The power of psychographics and the concept of venturesomeness. Journal of Travel Research, 40(3), p.244-251, 2001.

Prof. Ms. Álvaro Martins de Carvalho Filho
Docente do Curso de Ciências Contábeis da UniAteneu
Mestre Gestão e Negócios em Turismo, especialista em Relações Internacionais, economista e é conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE)

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