A atuação do psicólogo hospitalar em contexto de finitude

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“Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre” (Ariano Suassuna, 1975). Como afirma Suassuna, a morte é um evento irremediável da existência de todo ser humano. Na maioria das vezes, a instituição hospitalar é o cenário desse evento.

Desse modo, dentre as atribuições e possibilidades de atuação do psicólogo hospitalar, encontra-se o acompanhamento ao paciente e seus familiares frente a aproximação desse processo singular e complexo: o morrer. Dentro do contexto biomédico, muitas vezes, a morte é significada como um inimigo a ser incansavelmente combatido. Contudo, sabe-se que, apesar de todos os esforços, a morte sempre tem o seu tempo de chegar.

Quando as armas científicas são insuficientes para alcançar a cura de um adoecimento que leva a vida ao fim, podem ainda ser muito úteis frente à possibilidade de proporcionar dignidade e qualidade de vida no processo de finitude de um paciente. Diante disso, cada vez mais crescem os conhecimentos, práticas e a assistência nos cuidados paliativos.

Tal campo busca proporcionar qualidade de vida e cuidado integral ao paciente com doença ameaçadora de vida. Dentro desse contexto, o psicólogo hospitalar se insere de modo a reivindicar o lugar de sujeito e singularidade do indivíduo em adoecimento e em processo de finitude. Sujeito esse muitas vezes objetificado pela prática médico-hospitalar. Entende-se que o cuidado à fatores relacionados à saúde mental não são separados do que se refere aos aspectos físicos. Essas dimensões se encontram em integração e precisam ser tomadas desse modo.

A partir do momento que a perspectiva curativa não é mais possível, percebe-se uma maior atenção aos aspectos voltados ao conforto do paciente: físico, psíquico e espiritual. O favorecimento da expressão emocional frente ao vivido e à proximidade da morte é uma das práticas do psicólogo hospitalar nessa realidade. Além disso, o acolhimento à família, a facilitação dos fechamentos de pendências e despedidas e a assistência no desenvolvimento de recursos de enfrentamento diante desse momento também são algumas das possibilidades de atuação do psicólogo nesse contexto.

Por fim, lidar com os aspectos subjetivos do paciente em processo de finitude é condição essencial para proporcionar uma assistência verdadeiramente integral e humanizada. Também aponta-se a necessidade de integração de toda equipe que constitui o corpo de assistência ao paciente de modo a considerar a multiplicidade de fatores envolvidos na promoção de qualidade de vida, dignidade, autonomia e conforto da pessoa que vivencia a condição de proximidade do fim da vida.

Profª. Glendha Moreira de Lima
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Especializanda em Clínica em Gestalt-Terapia, especialista em Residência Multiprofissional em Cancerologia e em Psicologia Hospitalar e da Saúde e graduada em Psicologia

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