Hidroterapia x Hidroginástica

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É muito comum encontrar pessoas, que não são da área de saúde, confundir hidroterapia com hidroginástica. Apesar da semelhança nos nomes, existem diferenças marcantes entre essas duas modalidades aquáticas. Os efeitos terapêuticos da imersão variam entre o bem-estar a relaxamento. Os exercícios aquáticos são agradáveis, estimulantes, além do baixo impacto e de sua ação em diversos sistemas, como por exemplo, o muscular, circulatório, respiratório, renal e nervoso.

Porém, a forma de usar estas propriedades varia de acordo com a intensidade e o objetivo. De um lado, a hidroterapia, utilizada pelo fisioterapeuta com a finalidade de reabilitação, age em situações onde há algum prejuízo motor; do outro, utilizando recursos com fins de condicionamento físico, a hidroginástica proporciona a pessoas saudáveis uma manutenção de seu estado de saúde, quando bem orientada pelo profissional de Educação Física.

A hidroterapia, do grego hidro (água) e terapia (cura) é um recurso utilizado por fisioterapeutas com o objetivo de reabilitação. Tem sido cada vez mais utilizado na área médica para se obter uma recuperação mais rápida e melhora dos pacientes. São traçados exercícios e condutas personalizadas para cada pessoa, de forma a acelerar e facilitar a reabilitação. A diminuição da gravidade pela atuação do empuxo é um fator que auxilia muito os pacientes com dificuldades de andar, como idosos e pós-operados.

Diversas são as indicações da hidroterapia. Ela trata disfunções ortopédicas, vasculares, respiratórias, traumatológicas, neurológicas, posturais, reumatológicas, geriátricas, obstetrícias e pós-cirúrgicos de uma forma geral. Em contrapartida, várias são as contra-indicações, tais como feridas abertas, gravidez até o 4º mês, hipertensos e cardíacos descompensados, incontinência urinária, doenças infecto-contagiosas, dentre outras.

Além de movimentos funcionais, a água proporciona o desenvolvimento de técnicas específicas, criadas a partir de 1930. Dentre as principais, podemos citar: Bad Ragaz, que é uma técnica baseada nas diagonais de Kabat usando a água como uma resistência constante; Halliwick, melhor usada em crianças e idosos e age, principalmente, na parte do corpo sadia; Watsu, que é uma forma de relaxamento baseada no Zen Shiatsu, e promove desbloqueio de pontos de energia; e Ai-Chi, que é uma adaptação do Tai-Chi-Chuan, usado dentro da piscina com intuito de fortalecimento muscular.

A piscina usada para reabilitação deve ser aquecida para promover relaxamento e melhora da circulação sanguínea. Cada paciente recebe uma orientação voltada para a sua limitação dada pelo fisioterapeuta, verificando-se no processo de avaliação se o mesmo se encaixa nas indicações e não se inclui em alguma contra-indicação. Ao final das sessões de hidroterapia, o paciente apresenta benefícios, como melhora no quadro de dor, flexibilidade, sono, diminuição no quadro de depressão, aumento da auto-estima, melhora da marcha e até mesmo a socialização.

Ao longo dos tempos, a hidroginástica tem sido muito procurada pelas pessoas devido aos benefícios da água. A modalidade que consiste em um conjunto de exercícios corporais realizados em meio aquático vem se popularizando. Especialistas explicam que pode estar relacionada ao período intra-uterino da vida que passamos exclusivamente no meio aquoso. Alunos são quase unânimes ao dizerem que estes exercícios são mais divertidos, agradáveis, eficazes e estimulantes.

Visa o fortalecimento muscular, o condicionamento físico, o cardiovascular e o respiratório, bem como a manutenção do peso corpóreo. A hidroginástica constitui uma atividade de participação ativa, onde proporciona bem-estar devido à liberação de várias endorfinas através do exercício. Acredita-se que a atividade aquática promova uma condição mais saudável e favoreça modificações de comportamento devido a uma vida de mais qualidade.

Destina-se a pessoas de diferentes faixas etárias e níveis de condicionamento físico, como adolescentes, adultos, idosos, gestantes e atletas. É utilizada, exclusivamente, com fins de condicionamento e não de reabilitação. Em casos de contra-indicação médica, sendo temporária ou permanente, deve ser evitada.

A hidroginástica é uma atividade de aplicação exclusiva do profissional de Educação Física, portanto, somente ele está habilitado para tal. A prática não oferece risco, desde que o indivíduo passe por uma avaliação médica. O impacto é praticamente eliminado devido a forças contrárias à gravidade. Os benefícios são percebidos depois de aproximadamente 12 semanas, com a prática de 45 minutos diários, três vezes por semana.

A água elimina o stress e o cansaço do dia a dia, pois faz a liberação de endorfinas associadas à ativação da circulação sanguínea, alivia tensões e promove o relaxamento. Os principais benefícios da hidroginástica são: melhora da postura, melhora da condição cardiorrespiratória, fortalecimento da musculatura, diminuição do percentual de gordura e melhora a flexibilidade das articulações. O gasto calórico médio é de 260 a 400 Kcal/hora.

Na água, os exercícios não devem ser acompanhados de dores. A transpiração apresenta-se diminuída, devido ao resfriamento da pele pela baixa temperatura da água. Cada paciente deve estar atento a seus limites, pois se apresentar qualquer sensação de exaustão deve avisar ao professor e suspender momentaneamente a atividade.

Assim como na hidroterapia, a hidroginástica também conta com diferentes modalidades. Além de exercícios localizados, podemos destacar: hidro spinning, hidrobike, hidrocombat, hidrocapoeira, water running, hidro jump, hidrocore, deep running, hidro sport, hidrobol dentre outros. O aluno deve procurar a modalidade de sua preferência, tendo sempre a preocupação de encontrar uma piscina limpa, segura e bem cuidada e com professores capacitados.

Podemos constatar que não há como comparar a hidroginástica e a hidroterapia por apresentarem características bastante distintas. Ambas são saudáveis, mas têm finalidades e procedimentos diversos, e as práticas são supervisionadas por profissionais com formações distintas. Mesmo assim, é comum que pacientes e alunos se confundam. Na pratica, não existe uma terapêutica melhor que a outra. Existe, sim, uma complementação.

Se tomarmos, por exemplo, uma pessoa com hérnia discal, o primeiro profissional a ser procurado é o médico, onde a medicação se necessária é prescrita. A Fisioterapia age logo em seguida para atuar na flexibilização e analgesia. A hidroterapia atua no fortalecimento muscular leve e, em seguida, a hidroginástica contribui com um fortalecimento mais significativo.

Com isso, podemos notar que essas intervenções, apesar de distintas, mas correlatas, são fundamentais para a saúde das pessoas, o que exige certo grau de entendimento entre as partes. Precisamos um do outro para contribuir para o bem-estar das pessoas, quer seja para aliviar as dores, reabilitar, manter e/ou melhorar a condição de saúde da população.

Prof. Dr. Eduardo de Almeida e Neves
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu
Doutor em Biotecnologia, especialista m Educação a Distância, especializando em Quiropraxia e fisioterapeuta

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