Durante a pandemia, a qual espero sinceramente que estejamos de fato perto do fim, a sociedade adoeceu. Não apenas em decorrência do SARS-CoV-2, mas mentalmente. Aquilo que deveria ser cristalino aos olhos, simplesmente, se tornou nebuloso. A fragilidade do sistema é notória, facilmente alterada por um inimigo invisível. Cada vez mais fechados dentro de si, o ser humano desenvolveu um sistema de sobrevivência egocêntrico e perturbador. A ansiedade do dia a dia, as incertezas pessoais e profissionais certamente estão corroendo aqueles que sobreviveram a Covid-19.
É sabido que o uso de certos medicamentos pode causar danos colaterais graves e, dependendo da reação do organismo, o remédio realmente é pior que a moléstia. Assim ocorre com as soluções imediatas a uma nova realidade mundial do sempre falido sistema, seja qual for, criado pelo ser humano e suas notórias mazelas gananciosas e egoístas. A evolução patrimonial dos bilionários cada vez mais perto de serem trilionários nunca foi tão rápida. Não importa se com a pandemia, guerras e demais “mazelas”. Independentemente da pandemia e do ataque à vida, a busca desenfreada pelo capital persistiu.
A maximização da sociedade do consumo através de ferramentas on-line se tornou cada vez maior. Em um outro giro, podemos perceber o enfraquecimento da renda e dos postos de trabalho. Poderá o trabalhador consumir sem renda? Qual será o novo ciclo da sociedade do consumo. O corte nos postos de trabalho e a redução de custos sem medida, quais as consequências?
A curto prazo, aumento imediato da pobreza, da violência urbana, dos custos sociais ao Estado e a qualidade da prestação de serviços de maneira geral. A médio prazo, a diminuição do consumo, a consequente quebra das empresas e o aumento da pobreza e dos custos sociais do Estado. A longo prazo, bem aí ninguém consegue enxergar! Se o professor Bauman estivesse vivo, estaríamos presenciando uma eventual evolução da sociedade líquida para a sociedade gasosa. O que antes escorria pelos dedos hoje sequer passa entre eles.
Prof. Me. Fernando de Lima Almeida
Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Ateneu
Doutorando em Direito Civil, mestre em Planejamento e Políticas Públicas, com MBA em Gestão de Negócios, especialista em Direito Civil e Processual Civil e em Direito Imobiliário, Registral e Notarial e graduado em Direito e em Redes de Computadores.
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