A conduta do farmacêutico pautada na saúde baseada em evidências

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Na década de 1990, surgiu uma orientação para a prática de saúde conceituada por David L. Sackett como medicina baseada em evidência e que unia epidemiologia clínica, metodologia científica, informática e estatística buscando trabalhar a pesquisa, conhecimento e a atuação em saúde com a finalidade de orientar a tomada de decisão a partir de dados científicos. Essa perspectiva manifestou-se perante práticas de profissionais de saúde que se embasavam na prática clínica, mas sem correlação com as atualizações científicas.

Nesse contexto, as décadas posteriores ao início da prática da conduta em saúde baseada em evidências tem sido de mudança na perspectiva de formação e prática tanto de profissionais médicos quanto de outros cursos da área da Saúde, como no caso do Curso de Farmácia. Nas diretrizes curriculares nacionais do Curso de Farmácia do ano de 2017, em seu artigo IV, inciso VIII, indica que a prática profissional deve ser orientada pela tomada de decisão com base na análise crítica e contextualizada das evidências científicas, da escuta ativa do indivíduo, da família e da comunidade (BRASIL, 2017).

Essa orientação é de suma importância tanto para docentes de todas as áreas do curso, pois os orienta sobre como formar novos farmacêuticos, como os profissionais que já estão no mercado e para os alunos que estão em formação acadêmica, pois para todos há um consenso: é preciso ter uma conduta baseada em evidências científicas. E para além de seguir essa concepção, é necessário que o aluno e profissional desenvolvam a capacidade de análise e reflexão dos dados, assim como a investigação adequada de qual o maior e adequado nível de comprovação e grau de recomendação.

Dessa forma, seja qual área o farmacêutico venha a atuar, seja nas análises clínicas, na manipulação de medicamentos, âmbito hospitalar, bromatologia, na farmácia comunitária ou nas diversas outras possibilidades de atuação deste profissional, ele deve compreender e seguir as metodologias que avaliem os temas em questão de sua prática, buscando sempre sua atualização, para que o possa direcionar sua conduta para a escolha mais orientada pela ciência.

Dentre os estudos com maior nível de evidências estão as revisões sistemáticas, metanálises e os ensaios clínicos randomizados. É importante ressaltar que as metanálises orientam os guidelines e, portanto, grande parte dos protocolos clínicos. Entretanto, cabe enfatizar que embora esses estudos sejam os mais indicados de acordo com a pirâmide que orienta o nível de evidência, o papel de análise crítica dos profissionais perante os estudos e os resultados também é de suma importância para orientar a prática em saúde na qual se tem como foco a segurança e a qualidade do cuidado e tratamento do paciente.

Dentre as etapas da Saúde Baseada em Evidências (SBE), há de início a pergunta que o profissional de saúde tem frente ao caso do tratamento ou necessidade de algum paciente ou a algum serviço profissional e posteriormente, a busca da resposta a partir de diversas fontes. Dentre essas fontes, tem-se bases de dados como a Cochrane, Up to Date, Periódicos Capes, dentre outras, dependendo de qual área também o profissional atue. Além de conhecer as bases de dados, há a importância de estabelecer a estratégia adequada de busca, análise crítica da evidência e avaliação da aplicabilidade para a tomada de decisão.

Logo, é relevante que o farmacêutico faça cursos que o familiarizem com esses termos, com essa teoria e prática para tomada de decisões adequadas, o que pode demonstrar e reforçar seu papel em conjunto com outros profissionais de saúde, com o objetivo de prestar o melhor serviço para o paciente e para a comunidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO PARANÁ – CRF-PR. Prática farmacêutica: saúde baseada em evidências, 2015. Disponível em: https://www.crf-pr.org.br/uploads/pagina/28645/J0prfv7KYb4h-ATKJ-dl-RFMa1-F5goC.pdf Acessado dia 11 de outubro de 2021.

LUCCHETTA, RC; MASTROIANNI, PC. uso racional de cloroquina e hidroxicloroquina em tempos de covid 19. Rev Ciênc Farm Básica Apl, 2019;40:e653

Profª. Drª. Ana Isabelle de Gois Queiroz

Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário Ateneu

Doutora e mestre em Farmacologia, especialista em Farmacologia Clínica, especialista em Farmácia Clínica e Serviços Farmacêuticos com habilitação em docência no Ensino Superior e graduada em Farmácia

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