Você já ouviu falar no gás sulfeto de hidrogênio?

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Dentre as várias formas de enxofre encontradas na natureza, o H2S é considerado um dos principais agentes contaminantes da atmosfera. Após sua liberação pela atividade microbiana natural, esse gás é oxidado a dióxido de enxofre (SO2) o qual é convertido a ácido sulfúrico (H2SO4), que retorna ao solo na forma de “chuva ácida”. Como a presença de H2S e também de outras formas de enxofre é altamente significativa em combustíveis fósseis (petróleo e carvão, por exemplo), a utilização intensa destes combustíveis em áreas altamente industrializadas determina uma liberação significativa de SO2, agravando a intensidade das chamadas “chuvas ácidas”.

Além dos aspectos ambientais, o H2S se constitui também em um sério problema sob o ponto de vista industrial e de saúde pública. O H2S se apresenta como um expressivo contaminante de gases industriais, sobretudo, na indústria petroquímica, nas refinarias de petróleo e de gás natural, em estações tratamento de efluentes, etc. Devido à sua natureza ácida, a presença do H2S nesses gases determina sérios problemas de corrosão em equipamentos, tanques, bombas, tubulações etc., prejudicando dessa forma os processos envolvidos nessas atividades industriais e aumentando os custos de manutenção.

Quando gerado, por exemplo, dentro de tubulações de esgoto, este fica retido na parte superior da tubulação e, ao reagir com a umidade presente, transforma-se em ácido sulfúrico, ocasionando a corrosão da tubulação. Um outro aspecto altamente relevante é a alta toxicidade e o odor desagradável do H2S. É um gás extremamente venenoso, mais do que o cianeto ou o monóxido de carbono, e por ser extremamente tóxico em altas concentrações, causando perda de consciência imediata e a morte. Recebe o nome de “gás da morte”.

Felizmente, o olfato humano pode detectá-lo em níveis que estão muito abaixo de sua concentração letal. Infelizmente, porém, ele tem a propriedade de gradualmente diminuir a sensibilidade olfativa, tornando o olfato um detector imperfeito do H2S. O mau odor (cheiro de ovo podre) causado pelo sulfeto de hidrogênio é tido como um grande transtorno ambiental e público nos últimos anos. Em particular, em locais próximos a sistemas de tratamento de efluentes e plantas de processamento de resíduos sólidos.

Estudos demonstram que a geração do gás proveniente de efluentes domésticos e industriais, lançados na atmosfera, possivelmente afetam a saúde da população e a qualidade de vida dos residentes próximos aos córregos, pois além de contaminar o abastecimento de água, ocasionam problemas de odor forte e fétido provocado pela emissão de H2S.

A literatura cita uma série de processos químicos e soluções biotecnológicas que estão sendo desenvolvidos e utilizados para tratar e reduzir as emissões gasosas lançadas pelos diferentes processos industriais. Novos processos alternativos de remoção de sulfetos solúveis e sulfeto de hidrogênio buscam obter aproveitamento de enxofre e/ou de ácido sulfúrico, além da redução dos custos e maior segurança operacional nos processos. Incentivar a pesquisa sobre o assunto contribui para minimizar perdas humanas e prevenir a deterioração dos equipamentos industriais nos diversos segmentos, que são ocasionados devido aos vazamentos e/ou contaminações de sulfeto de hidrogênio para o meio ambiente.

A emissão do gás H2S é um potencial problema em tecnologia ambiental por se tratar de um poluente atmosférico extremamente tóxico, podendo causar graves problemas à saúde pública, e também em instalações industriais devido a sua ação corrosiva, sobretudo, na indústria de papel e celulose, na indústria petroquímica e em tratamento anaeróbio de águas residuárias (Chung, et al., 1997; Guoqiang, et al., 1994; Burgess et al, 2001; Oh, et al., 1998).

Profª. Drª. Maria Estela A. Giro
Docente do Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Ateneu
Doutora em Biotecnologia, mestre e graduada em Engenharia Química. Tem experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em Processos Bioquímicos, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Fermentação, imobilização celular e remoção de H2S.

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