Planeta plástico, ex-planeta terra

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Uma imagem impactante sobre todos os aspectos é ver um mamífero indefeso e dócil como uma tartaruga, deixando-se levar por seu instinto animal de se alimentar, tentar ingerir algo que irá afetar sua sobrevivência de forma cruel – o plástico. Conhecemos nosso habitat neste universo, chamando-o de Planeta Terra e/ou Planeta Azul, contudo, com o ritmo acelerado de despejo desenfreado e danoso ao meio ambiente, particularmente por resíduos plásticos e micropartículas desse composto, fatalmente seremos uma população que viverá num planeta diferente do atual – o Planeta Plástico.

Especialistas adiantam que, segundo seus cálculos, estão presentes em nossos oceanos nesse momento aproximadamente 5,2 trilhões de alguma matéria feita desse material, boiando ou nas profundezas oceânicas. Estudos apontam que se não agirmos agora, até 2050 haverá mais plástico do que peixe nos oceanos. O plástico visto na superfície do mar lentamente vai se degradando e ao fragmentar-se, imergem às profundezas, tornando-se mais difícil sua dispersão. Como os organismos e animais marinhos dependem de alimentos que caem da superfície, muitos deste inalam o vetor que irá deformar e/ou ser fatal para essas espécies do ecossistema.

Preocupações com meio ambiente e a poluição dos mares impulsionam medidas em vários países, inclusive no Brasil. À medida que o mundo lentamente desperta para a escala do problema da poluição plástica, um número crescente de países e cidades tem introduzido proibições de certos produtos. Talheres, copos, pratos e cotonetes com hastes de plástico fazem parte de uma seleção de produtos plásticos descartáveis que já estão em processo de proibição na União Europeia (UE), com protocolos assinados por líderes em seus parlamentos, e o Reino Unido lidera essa investida. A União Europeia é o maior exportador de lixo plástico do mundo. Se considerado só um país, os Estados Unidos ficam com o posto de maior exportador de dejetos plásticos globalmente.

Veja o caso do canudinho feito à base de poliestireno, num país como os Estados Unidos, de onde o fast-food é febre nacional, o uso de canudinhos é uma verdadeira praga ambiental. Estima-se que 500 milhões de canudos plásticos são usados diariamente. Como são usados apenas uma vez, e não possuem vínculos de recicláveis, acabam em lixões ou em rios e mares, engolidos por animais que morrem sufocados. O canudinho é feito geralmente de poliestireno ou polipropileno e sua reciclagem é difícil, tendo em vista como é pequeno e leve, é jogado no lixo, e com uma vida útil de apenas quatro minutos, isso mesmo, quatro minutos, leva em torno de 500 anos para sua decomposição total pela natureza.

Os poluidores dos mares não se restringem somente aos canudos de plásticos, encontra-se também uma vasta quantidade de: bitucas de cigarro, embalagens de alimentos, tampas, garrafas, latas e muitos outros produtos residuais, mais o plástico é o composto mais encontrado por pesquisadores. Em junho de 2021, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apontou que 70 mil toneladas de lixo plástico acabam no Mar Mediterrâneo anualmente – o equivalente a despejar 33.800 garrafas plásticas no mar a cada minuto. São pontos e contrapontos nessa luta para a diminuição da circulação do plástico ao redor do mundo.

Veja esse outro caso: em 2017, a Alemanha enviou mais de 340 mil toneladas de lixo plástico para a China. Como Pequim fechou as portas para o lixo plástico do Ocidente com uma legislação mais rígida no começo de 2018, outros países asiáticos se tornaram alvo para os carregamentos, especialmente, a Malásia, Indonésia e Filipinas. Os dados são alarmantes e superlativos. Segundo o Greenpeace, de janeiro a julho de 2018, cerca de 754 mil toneladas de lixo plástico global acabaram na Malásia – a Alemanha estava entre os quatro principais exportadores. No entanto, países do Sudeste Asiático começaram a enviar contêineres de volta aos seus países de origem – os casos mais recentes foram Canadá e Espanha.

Países da América do Sul também focaram nesse problema. O Chile em outubro de 2017 tomou medidas através de um plano contra os plásticos descartáveis, com meta de extinção até esse corrente ano de 2022. Na União Europeia, qualquer evento/show é vedado o uso de plásticos não recicláveis, e os produtores tem uma lista acentuada de orientações que devem ser atendidas nesse contexto. O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo – atrás apenas de EUA, China e Índia. Por ano, o país gera 11,3 milhões de toneladas – número três vezes maior que sua produção de café, por exemplo.

Estados da federação ensaiam medidas para mitigar essa circulação. Contudo, a questão cultural ainda é outro ponto a ser enfrentada num país como o Brasil, que o diga as sacolas plásticas de supermercado e afins. São muitas as medidas que estão no farol da comunidade mundial, e decerto mitigaram essa poluição, mas nos parece estarmos diante de uma questão global, em que todos os habitantes desse planeta estão convocados a fazerem a sua parte. É salutar mudar hábitos de consumo, buscar alternativas para essa e outras questões ambientais. Imagine um produto que leva cinco segundos para ser produzido, cinco minutos para ser utilizado e 500 anos para ser decomposto totalmente, pois esse é o canudinho, irmão fiel do plástico, plástico que é a razão desse artigo. Afinal de contas, não queremos que nosso planeta seja intitulado Planeta Plástico, não é mesmo?

Fonte: deutschewelle.com

Prof. José Célio Fialho
Docente do Curso de Engenharia de Produção do Centro Universitário Ateneu
Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação, tem MBA em Logística e Análise em Comércio Exterior e MBA Corporativo em Formação Avançada de Consultores, especialista em Aperfeiçoamento em Docência na Educação Profissional e em Ensino a Distância e em Docência do Ensino Superior e graduado em Ciências Econômicas.

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