Pandemia: por que ela entrava a economia?

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Prezado (a) leitor (a), o intuito de escrever este artigo é apresentar resumidamente ao público em geral o entendimento do porquê de o fenômeno da pandemia está sendo tão prejudicial para a nossa economia. Segundo o dicionário Michaelis online, pandemia é definida como “doença epidêmica de ampla disseminação”. A partir deste conceito, é fácil fazer a analogia de seus efeitos perversos na economia. Os impactos da pandemia são distintos e sentidos por diversos agentes econômicos envolvidos na geração de produto, renda e emprego.

Primeiramente, os efeitos da pandemia geram queda do consumo das famílias, digo trabalhadores e/ou consumidores que em decorrência do desemprego, diminuem drasticamente a sua capacidade de consumir, como por exemplo. bens duráveis: televisores, celulares, automóveis, etc. Em virtude das crescentes demissões, até mesmo quem está empregado passa a gastar menos com receio de ser dispensado ou dispensada nos próximos dias ou meses. É quando surge o desemprego psicológico muito presente em períodos de recessão econômica. As pessoas ficam mais cautelosas com o uso do cartão de plástico (cartão de crédito). E não para por ai! O auxílio emergencial se volta primordialmente para os bens de consumo não duráveis, como a alimentação. E, por ironia, muitos desses itens possuem uma elevada carga tributária que penaliza ainda mais os salários dos mais pobres em decorrência da incidência do imposto regressivo[1].

No que diz respeito às firmas (empresas), a queda nas vendas (retração na demanda) causa queda no faturamento das empresas, dificultando o pagamento de aluguéis, pagamento de compromissos com fornecedores, salários dos funcionários e de seus encargos sociais. O capital de giro fica bastante comprometido e escasso. O capital de giro, prezado (a) leitor (a), é o “sangue da empresa”, pois, mantém ela viva. E se já não bastasse “a queda, ainda tem o coice”, pois, os juros cobrados pelos bancos ainda são elevados, principalmente, no sistema financeiro brasileiro dominado por um oligopólio financeiro.

O resultado deste triste cenário é mais dispensas de trabalhadores que fazem retrair ainda a tal da “demanda agregada” tão discutida nas disciplinas de Economia de cursos superiores. É um ciclo pernicioso que precisa ser rompido. É, sem dúvida, um problema a ser urgentemente equacionado pela equipe econômica do governo Bolsonaro.

E o governo? É inegável que o pagamento emergencial é demasiadamente importante do ponto de vista social para milhares de famílias impactadas economicamente pela pandemia. Permite que milhares de homens e mulheres chefes de famílias possam sobreviver e sustentar as suas famílias. Por outro lado, do ponto de vista da política fiscal, os cofres públicos são muito sacrificados, porque são bilhões de reais injetados na economia. Sem dúvida fica muito difícil de ser obtido o superávit primário[2]. Ao contrário, o déficit primário fica cada vez evidente para os próximos meses.

Somando-se a isso, a queda na produção, nas vendas e do consumo causa diminuição na arrecadação tributária oriunda dos impostos. Ora, não são os impostos que financiam os gastos públicos? Realmente é mais um grande desafio a ser enfrentado pela equipe econômica do ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Portanto, prezado (a) leitor (a), espero que estes breves esclarecimentos a respeito dos efeitos da pandemia sobre a economia possam ter lhe ajudado a desenvolver pensamentos críticos para o entendimento do atual contexto em que estamos inseridos.

Prof. Me. Fabrício José Costa de Holanda

Docente do Curso de Processos Gerenciais da UniAteneu

Mestre em Economia Rural e graduado em Ciências Econômicas e em Matemática (Licenciatura)

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[1] Imposto regressivo: Neste tipo de imposto a tributação, é mais aguda sobre as classes mais pobres, fazendo com que elas suportem uma carga tributária maior. Nesse caso, quanto menor o nível de renda, maior o percentual de imposto a ser pago pelo indivíduo.

[2] Superávit primário: O superávit primário é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, excetuando gastos com pagamento dos juros da dívida pública.