As plantas e suas partes como cascas, frutos, folhas e caules são comumente utilizadas com objetivos medicinais. Por muito tempo as plantas medicinais era o único recurso para a prevenção e tratamento de doenças em diferentes culturas e, mesmo diante de várias outras formas existentes atualmente, ainda persiste. Além disso, o uso de plantas medicinais consiste em um conhecimento passado de geração em geração em diversas culturas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 70% a 90% da população mundial e, especificamente, no Brasil, aproximadamente 82% da população faz o uso de plantas medicinais como forma de prevenção e/ou tratamento de uma variedade de doenças sejam elas agudas ou crônicas, consideradas leves ou graves.
O uso de plantas medicinais apresenta uma variedade de benefícios, desde os seus inúmeros efeitos protetores/preventivos a efeitos de tratamentos para uma variedade de doenças. Para os que não acreditam nos benefícios do uso de plantas medicinais, bem como de suas partes. Citamos aqui que o uso de plantas medicinais apresenta comprovação cientifica, por meio de estudos longos, bem delineados e com rigor metodológico, ou seja, existe diversos estudos científicos de qualidade elevada que comprova os efeitos benéficos do uso de plantas medicinais.
Entre os benefícios sobre o uso de plantas medicinais podemos citar o seu reduzido custo e acessibilidade, sendo acessível muitas vezes na frente das casas, nos quintais e demais regiões próximas a população. Além disso, é apresentado em diversos estudos científicos que a maioria das plantas medicinais tem reduzida ou ausente toxicidade, ou seja, não acarretam em efeitos adversos graves, apresentando em muitos casos vantagens sobre o uso de fármacos tradicionais vendidos nas farmácias.
Os fármacos tradicionais vendidos nas farmácias apresentam seus inúmeros efeitos benéficos, desde tratamento curativo, paliativo a prevenção, mas podem resultar em uma variedade de efeitos adversos, ou seja, efeitos indesejados, como é o caso dos glicocorticoides, potentes anti-inflamatórios que segundo um estudo de revisão realizado em 2019, podem causar hiperglicemia, hipertensão, síndrome de Cuching iatrogênica, distúrbios do sono, depressão, ansiedade entre outros, mas não podemos negar os seus vários benefícios.
Inclusive tivemos recentemente a prova disso quando foram utilizados glicocorticoides como forma de tratamento para pacientes com Covid-19, o que possibilitou a melhora do quadro clinico, ou seja, dos sinais e sintomas dos pacientes, estando os glicocorticoides relacionados com a prevenção do óbito de vários pacientes acometidos com Covid-19. Dessa forma, os fármacos tradicionais não são vilões. No entanto, quando prescritos, os profissionais devem com rigor avaliar os riscos e benefícios do seu uso para cada paciente em especifico, ou seja, se o fármaco vai resultar em mais benefícios ou malefícios para aquele paciente.
Quando falo das vantagens do uso de plantas medicinais sobre o uso de fármacos tradicionais, não estou aqui falando para que você faça a substituição dos seus tratamentos farmacológicos por tratamentos com o uso de plantas medicinais, até porque é necessário avaliar cada caso, ou seja, é necessário avaliar cada indivíduo, doença a ser tratada ou prevenida, outras doenças preexistentes e etc. O fato é que o uso de plantas medicinais apresenta benefícios sim, mas isso não quer dizer que devemos usar as plantas de forma indiscriminada e sem conhecimentos prévios.
O uso de plantas medicinais de forma indiscriminada, ou seja, sem indicação, quando os indivíduos utilizam vários tipos de plantas, quando utilizam grande quantidade de materiais oriundos de plantas, pode acarretar em efeitos indesejados. O que deve ser sempre lembrado é que apesar dos seus benefícios, as plantas medicinais não são inofensivas, portanto, não podem ser utilizadas de forma livre. Você pode pensar comigo, se os componentes químicos presentes nas plantas medicinais proporcionam efeitos de prevenção e/ou tratamento, logo eles agem em células específicas do nosso corpo, sendo para inibição ou ativação de atividades, logo se eles agem sobre células podem elevar ou inibir as funções, causando efeitos adversos.
O que eu quero que fique claro aqui é que nunca usem essas frases relacionando ao uso de plantas medicinais “quanto mais melhor” ou ainda, “posso utilizar, é natural, não tem como fazer mal”. Pensar assim é errôneo, pois em quantidades erradas e se não utilizado para o objetivo especifico pode sim acarretar em efeitos indesejados. Você poderia então me perguntar: Como utilizo de plantas medicinais de forma segura para prevenção e tratamento de doenças? Te respondo: Para isso, a OMS apresenta programas que auxiliam sobre o uso de plantas medicinais.
Entre esses, no Brasil, nós temos a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (ReniSUS) desde 2009, que possui 71 espécies vegetais, tendo como objetivo orientar pesquisas e estudos. Além disso, desde 2005 existe a Politica Nacional de Medicina Tradicional e Regulamentação de medicamentos fitoterápicos. Adicionalmente, a Farmácia Viva no Brasil desde 2008, que indica as plantas que podem ser utilizadas de forma segura, respaldada em estudos que avaliam os efeitos e a toxicidade das plantas. A Farmácia Viva realiza desde o cultivo, coleta, processamento, armazenamento, manipulação e dispensa das plantas medicinais. A partir disso, esses produtos naturais são prescritos por médicos e enfermeiros vinculados à Atenção Primária de Saúde.
No entanto, é preciso muito mais. Nesse contexto, faz-se necessário o incentivo desde financeiro para a realização de estudos científicos de qualidade com esta temática, a educação a população sobre esses estudos. Os resultados de estudos que avaliam o uso de plantas medicinais podem proporcionar formas alternativas de prevenção e de tratamentos com efeitos promissores, reduzidos ou ausentes efeitos indesejados, além de ser acessível a população e de reduzido custo.
Com relação a educação da população sobre uso de plantas medicinais, é crucial que os resultados dos estudos científicos sejam disseminados de forma acessível, ou seja, essas informações devem ser repassadas para a população com linguagem acessível, muitas das vezes informal, observando o contexto em que estão os seus ouvintes ou leitores para que esses possam entender a mensagem.
Em conclusão, as plantas medicinais são em sua maioria ótima alternativa de prevenção e de tratamento para uma variedade de doenças, mas o seu uso deve ser avaliado e não pode ser indiscriminado, pois quando utilizado de forma correta podem resultar em efeitos indesejados. Os fármacos tradicionais podem resultar em uma variedade de efeitos adversos/indesejados, mas não podemos considerar que são vilões, pois os seus efeitos preventivos e de tratamentos são essenciais para diversas condições.
O caminho mais correto para a escolha das formas de prevenção e de tratamentos são a partir de resultados de estudos científicos de qualidade, com rigor metodológico. Dessa forma, entendemos que a saúde está relacionada com a ciência e com a educação, todas andam juntas e uma fortalece a outra.
Profª. Drª. Bianca Feitosa Holanda
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu
Doutora e mestra em Ciências Fisiológicas, especialista em Osteopatia e em Fisioterapia em Terapia Intensiva e graduada em Fisioterapia.
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