O uso de treino de força no combate à obesidade e sobrepeso

  • Categoria do post:Saúde
Você está visualizando atualmente O uso de treino de força no combate à obesidade e sobrepeso

A obesidade, considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das epidemias do século XXI, é considerada uma doença crônica não-transmissível (DCNT), cuja prevalência tem aumentado de forma dramática pós-pandemia. O excesso de peso e a obesidade aumentaram nos últimos dois anos no Brasil, é o que aponta o mais recente levantamento realizado pelo Ministério da Saúde. De acordo com a pesquisa, entre as pessoas com sobrepeso, os homens são a maioria. Mais da metade dos homens (52,6%) está acima do peso ideal, e 44,7% das mulheres estão na mesma condição.

De acordo com a OMS, são considerados indivíduos com excesso de peso aqueles com um índice da massa corporal (IMC) igual ou maior que 25 e indivíduos considerados obesos com um IMC maior ou igual a 30 (WHO, 2013). O diagnóstico da obesidade é realizado a partir do parâmetro estipulado pela OMS. O body mass index (BMI) ou índice de massa corporal é obtido a partir da relação entre peso corpóreo (kg) e estatura (m²) dos indivíduos (WHO, 2013). Com relação à medida da circunferência abdominal, que tem sido utilizada como fator de risco a partir de 90cm em homens e 80cm nas mulheres (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION (IDF), 2005).

O treinamento de força é uma das formas que aumenta o gasto energético diário, levando assim à perda de peso corporal. De acordo com a American College of Sports Medicine (ACSM, 2021), é recomendado que toda população faça exercícios físicos aeróbios regulares de duração de 30 minutos, realizados cinco dias por semana, juntamente, com um treinamento de resistência e treinamento de flexibilidade com frequência de duas a três vezes por semana.

O treinamento de força já é um método de atividade física para a melhora da composição corporal e redução de gordura corporal dos indivíduos. Esse tipo de exercício tem como principal objetivo o aumento e manutenção da massa muscular, e também contribui para melhora da força, resistência muscular e o aumento do gasto energético em repouso, e com isso acontece a diminuição da gordura corporal.

Portanto, sabendo da importância de prevenção e combate do sobrepeso e obesidade, o presente relato visa mostrar com base na experimentação de relatos pessoais a eficácia do treinamento de força no processo de emagrecimento. Para que o peso corporal se mantenha constante, a ingestão calórica deve ser igual ao consumo calórico. Se, de fato, é consumida uma quantidade excessiva de alimentos, pode levar ao acúmulo excessivo de energia armazenada como gordura corporal, e, consequentemente, aumentaremos de peso ou entraremos no que se denomina equilíbrio energético positivo. A introdução da rotina de treino de força aumenta o gasto energético diário, e o balanço energético orgânico torna-se negativo. Este é, sem dúvida, o princípio da perda de peso corporal.

As contrações musculares necessitam de ATP, apesar de ser pequena a quantidade que é acumulada na musculatura, fornecendo energia por poucos segundos. Devido a isso, a via que deve ser usada para regenerar o ATP depende da velocidade que ele é degradado, ou seja, se for uma velocidade alta, será necessária a utilização de meios anaeróbios que são considerados rápidos e eficientes. Para o músculo esquelético obter energia durante a realização do exercício, o processo pode ser de forma anaeróbia, onde não há utilização de oxigênio para oxidação dos substratos até a formação do ATP.

Quando um exercício de alta intensidade é prolongado, a via de fosfagênio passa a não predominar no fornecimento de energia, dando caminho ao sistema glicolítico ou o chamado de anaeróbio láctico. O glicogênio muscular passa a ser o principal substrato energético para resintetizar o ATP, dando continuidade ao exercício. Este glicogênio muscular supri grande parte das necessidades energéticas nos exercícios com alta intensidade. Estes exercícios têm a duração entre 30 segundos e 5 minutos.

Treinamento de força, conhecido como treinamento contra a resistência ou treinamento com pesos, o termo treinamento com pesos se refere apenas ao treinamento de força comum utilizando pesos livres ou máquinas. O treinamento com pesos promove alguns benefícios, como a manutenção e aumento do metabolismo, decorrente do aumento de massa muscular, bem como a redução da gordura corporal, já que há um aumento do gasto energético e da oxidação de calorias.

O treinamento de força junto com o treinamento cardiovascular é capaz de promover modificações agudas e crônicas no gasto energético total. As modificações agudas são aquelas do próprio custo energético para a realização de atividade e na fase de recuperação. Os efeitos crônicos são proporcionados por alterações na taxa metabólica de repouso (TMR). O fator altamente responsável pela modificação da TMR é o ganho de massa magra.

Ao contrário do que muitos pesam, o treinamento de força deve ser utilizado para a redução de gordura corporal. Dependo da duração e da intensidade, o gasto calórico desse tipo de treinamento pode mesmo ultrapassar os exercícios exclusivamente aeróbicos devido ao excesso de consumo de oxigênio pós-exercícios (EPOC) que contribui para aumentar as calorias que são gastas. Alguns estudos mostram que o EPOC pode-se estender por horas.

Treinamento de força na redução de peso corporal aumenta o gasto energético total, além de aumentar o gasto energético após o exercício e contribui também para o ganho de massa corporal magra. A maior correlação entre treinamento de força e TMR encontrada está relacionada ao aumento da seção transversal das fibras musculares produzidas por este tipo de treinamento (hipertrofia), aumentando o gasto energético. Portanto, o treinamento de força ganha papel fundamental na luta contra a obesidade, já que ele ajuda a aumentar a massa muscular.

Referências bibliográficas:

ARRUDA, D.P et al. Relação entre treinamento de força e redução do peso corporal. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício; 2010.
FOSCHINI, D.; PRESTES, J.; CHARRO, M. A. Relação entre exercício físico, dano muscular e dor muscular de início tardio. Revista Brasileira Cineantropom. vol.9, n.1, p. 101-106, 2007.
CAMPOS, M.A. Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos. 3. ed. Rio de Janeiro. Sprint. 2010.
FLECK, S.J; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3. ed. Porto Alegre: Artmed. 2006.
MATOS, G. Sobrepeso e obesidade: diagnóstico. Sociedade Brasileira De Endocrinologia e Metabologia. Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Ed 3. São Paulo, Ac Farmacêutica, 2009.

Prof. Me. Júlio César Fernandes de Sousa
Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Ciências da Saúde, especialista em Fisiologia e Biomecânica, em Treinamento Desportivo e em Ginástica Escolar e graduado em Educação Físic

Saiba mais sobre o Curso de Educação Física da UniAteneu.