A crescente produção industrial impacta no consumo de recursos naturais e na geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, que causam danos à população e ao meio ambiente. A produção diária, em grande escala, desses resíduos em todo o mundo provoca preocupações de ordem global, uma vez que a maior parte deles é descartada sem controle em aterros sanitários, contribuindo para o aumento da degradação ambiental.
Diante desse cenário, o desenvolvimento sustentável surge como um dos maiores desafios da atualidade, levando a sociedade e o meio empresarial a mudarem os seus conceitos sobre fatores ligados à produção industrial, seja por meio da necessidade de se modificar a cultura de consumo ou por meio da transição do modelo linear de fluxos de materiais e energia para o modelo circular, no qual todos os danos provenientes do processo de produção industrial retornam ou são recuperados.
No Brasil, os parques industriais ainda adotam o modelo de desenvolvimento tradicional, ou seja, o modelo linear de produção, sendo considerados insustentáveis, devido à má utilização dos recursos, poluição e geração de resíduos. Essa deficiência, da indústria nacional, revela, conforme estudo da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), uma produção anual de 33 milhões de toneladas de resíduos industriais, dos quais 25 milhões não recebem tratamento adequado, gerando perdas da ordem de R$ 600 milhões ao ano aos cofres municipais. O estudo ainda aponta que para o tratamento adequado do material descartado de forma irregular seriam necessários cerca de R$ 3,7 bilhões.
Por causa da crescente geração dos resíduos industriais, faz-se necessário o desenvolvimento de princípios que guiem políticas e ações sustentáveis, no intuito de diminuir os impactos oriundos da disposição dos resíduos industriais no meio ambiente. Dessa maneira, a ecologia industrial emerge como solução para o desenvolvimento sustentável por apresentar princípios ligados à integração de atividades produtivas e reciclagem de recursos.
A ecologia industrial analisa as interações entre várias indústrias, apontando ferramentas e estratégias que viabilizem a atividade do sistema industrial diante das limitações dos recursos naturais, permitindo uma maior eficiência econômica, social e ambiental das indústrias. No nível intermediário da ecologia industrial estão as iniciativas que envolvem as relações intraorganizacionais, como o conceito de simbiose industrial, que expõe as relações baseadas no mutualismo, entre várias indústrias para a obtenção de vantagem competitiva por meio da troca física de materiais, energia, água e subprodutos.
A simbiose industrial, no Brasil, é verificada por meio do Programa Brasileiro de Simbiose Industrial (PBSI), coordenado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). O PBSI surgiu a partir da iniciativa do National Industrial Symbiosis Programme (NISP) desenvolvido no Reino Unido, sendo considerado o único programa de simbiose industrial do Brasil praticado de forma sistêmica e constante.
O desenvolvimento do PBSI foi alcançado devido às capacidades institucionais da FIEMG de conhecimento, de mobilização e de relacionamento. As capacidades de relacionamento e de mobilização permitiram a aproximação de diversas indústrias da região, de sindicatos e órgãos ambientais, desenvolvendo um clima de confiança entre eles. A capacidade de conhecimento foi adquirida devido à criação da Bolsa de Resíduos e outros programas de cunho ambiental e, a partir do uso da metodologia transferida pela NISP, o que permitiu uma maior clareza sobre os conceitos da simbiose industrial.
Prof. Me. Leandro Moura da Silva
Coordenador do Curso de Logística do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Administração, tem MBA Empresarial em Gestão e Marketing e é graduado em Administração
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