A preocupação sobre as juventudes se manifesta no aumento de investigações que abordam os “problemas que as afetam”: desemprego, pobreza, mortalidade por causas externas, exposição a violências, adoção de “condutas de risco”, elementos simbólicos ligados a aspectos étnico-raciais, de gênero, religiosos, territoriais, entre outras. Assim, diversidades e desigualdades são os principais traços que podem caracterizar as juventudes na atualidade.
Para que se cumpra efetivamente o direito à educação, não basta garantir às novas gerações o acesso e a permanência na escola; é preciso assegurar-lhes aprendizagem significativa para enfrentar os desafios acadêmicos, profissionais e políticos do século XXI. A escola é o mais acessado pelo jovem e se constitui como um local de sociabilidade e convivência entre diferentes, na qual são construídas e compartilhadas identidades, saberes e valores definidores na construção da cidadania e na vida em sociedade e, nesse sentido, tem potencial para ser um poderoso fator de proteção (BRASIL, 2010).
O momento histórico atual, repleto de profundas transformações sociais e tecnológicas, aponta para a necessidade de mudanças nos sistemas de ensino. O Relatório Delors (DELORS, 2012) é um dos documentos marcantes da mudança de discurso educacional em resposta aos novos desafios e sugere um sistema de ensino fundado em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.
As transformações sociais e tecnológicas em todo o mundo têm moldado também o paradigma de capacidades necessárias ou pelo menos desejáveis para o sucesso educacional e no mercado de trabalho neste cenário globalizado e competitivo. Dentre essas habilidades, as competências socioemocionais estão sendo amplamente reconhecidas entre as mais importantes, chamadas nos mais diversos contextos no mundo inteiro como “competências do século XXI”. Sendo a educação um dos principais meios de mobilidade dentro da sociedade, justifica-se, portanto, que mudanças sejam feitas dentro do sistema de ensino.
A atenção voltada ao desenvolvimento e formação das competências socioemocionais reflete também na atenção dispensada à promoção de um clima escolar positivo. Dada a intrínseca mútua causalidade dos dois aspectos, no desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes. A elevação dos níveis de competências socioemocionais — como perseverança, autoestima e sociabilidade — pode beneficiar fortemente resultados relacionados à saúde e ao bem-estar subjetivo, assim como a redução de comportamentos antissociais. Já a consciência, sociabilidade e resiliência emocional estão entre as dimensões mais importantes das competências socioemocionais a influenciar o futuro da criança e do jovem.
Profª. Ma. Daiana de Jesus Moreira
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Doutoranda em Saúde Coletiva, mestra em Saúde Pública, especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil, em Psicologia Hospitalar e da Saúde, em Gestão Educacional e Educação Especial e em Gestão em Saúde Mental e graduada em Psicologia.
Saiba mais sobre o Curso de Psicologia da UniAteneu.