Com o “Apagão de Professores”, a jornalista Mariana Serafini, da revista Carta Capital, tratou, em 2024, de uma temática recorrente na educação e na formação de professores, não necessariamente com esse termo. Eis um assunto que aos poucos passa a ser melhor percebido através de pesquisas estatísticas trabalhadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vinculado ao MEC.
Trata-se de um tema instigante e bem antigo nas formações de professores, debater as razões que levam à desistência da carreira de professor durante a formação universitária (licenciaturas), ou mesmo após assumirem suas funções na escola. Usualmente, os motivos para tal desistência ficam restritos ao binômio salário e jornada de trabalho. Quando se trata de jornada de trabalho, não necessariamente a carga horária, a formação universitária deve proporcionar na graduação e na pós-graduação a qualificação necessária para o trato diário com as ações de natureza pedagógica e com os desafios relacionados à convivência social na escola. Portanto, se as relações na sala de aula que envolvem aspectos didáticos apresentam desafios que não estão sendo resolvidos ou mesmo tornam a convivência social diária mais complexa do que deveria ser. Naturalmente, há algo a ser repensado na formação dos professores no que se refere às relações entre prática profissional e teoria.
A formação universitária deveria permitir a autonomia das escolhas de autores e obras por parte dos futuros professores nos bancos acadêmicos. E as licenciaturas voltadas para formações específicas e para a condição de ser professor deveriam desenvolver habilidades e competências para o futuro profissional lidar com a sala de aula. Isso, reconhecemos, talvez não seja o bastante para proporcionar aos futuros professores a segurança necessária e o conforto suficientes para que a profissão e seu exercício sejam plenos e estimulantes ao ponto de permanecerem nela.
Com relação às questões salariais, por razões diversas trata-se do aspecto considerado por muitos o mais sensível. Quaisquer que sejam as razões, de natureza mercadológica ou legal, consorciada com as razões de Estado e governos, faz-se necessário perguntar: quanto deveria ganhar um (a) professor (a)? É possível quantificar em um salário a satisfação profissional e pessoal da ação educativa na sala de aula?
As provocações precisam existir sempre, e algum consenso deve ser considerado quanto aos valores a serem pagos a um professor na composição de seu salário. Ao tratar desse assunto, é possível considerar que o ambiente externo ao da escola também deveria ser pensado para as razões eventuais da desistência, a fim de se combater o apagão de professor e acender as luzes do caminho docente
Prof. Dr. Jeimes Mazza Correia Lima
Docente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu.
Doutor em Educação Brasileira, mestre em Educação, especialista em Metodologias em Ensino de História e licenciado em História.
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