Humanização da Educação: por modelos centralizados na pessoa

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O contexto pandêmico possibilitou o emergir de reflexões acerca dos mais variados elementos que atravessam o campo educacional, haja vista as abruptas mudanças suscitadas por um rearranjo que exigiu uma adaptação complexa, aligeirada e que necessitou apresentar-se como proposição efetiva a condução dos processos letivos empregados nos espaços institucionais.

Nesse prisma, diante das aflições e temores advindos com o instaurar de uma realidade expressa por uma enfermidade cuja manifestação denota-se por seu alto contágio e prejudicialidade à saúde – o que impôs medidas drásticas de isolamento, distanciamento e de virtualização das relações, seja nos ambientes de trabalho e de estudo, como também das práticas de cultura e lazer –, um dos aspectos postos em enfoque se interliga aos cuidados com o domínio emocional dos sujeitos, em razão dos malefícios imbricados na abrupta ruptura da presencialidade do contato entre pessoas, dimensão que se exprime como condição essencial ao progresso e funcionamento das sociedades.

Na tangência de tal espectro, verifica-se que a Educação foi uma das áreas veemente e diretamente afetadas por esse panorama, tendo em vista que, uma de suas características basilares – o interacionismo produtor de saberes –, precisou ser remodelada para um modo de funcionamento diferenciado: o das transmissões remotas. Nesse viés, em decorrência da tecnologização do ensino, pondera-se que, alguns dos fatores imbuídos nas dinâmicas pedagógicas foram comprometidas, em especial, o desenvolvimento de vínculos afetivos entre docentes e discentes. Ao estarem inseridos nos territórios midiáticos, os agentes da ação educativa têm assumido uma postura distanciada um dos outros, ao se utilizarem de mecanismos artificializados, ocultadores das feições, como, por exemplo, os avatares, ícones virtuais criados para representar determinado perfil, de maneira simbólica.

Face aos meandros citados, considerar as individualidades, problemáticas, limitações, emoções, dentre outros condicionantes personalísticos inerentes aos envolvidos nas experiências formativas, tem se transformado em uma árdua tarefa, fatualidade que assim se evidencia devido ao cenário de impessoalidade no qual se configuram as diretrizes engendradas em uma Educação apoiada, unicamente, nas operacionalizações tecnológicas. Embora tais aparatos intencionem – e concretizem – o contato e a aproximação em circunstâncias que requerem a superação de barreiras geográficas, em se tratando de práticas educacionais, identifica-se que ainda há um longo decurso a ser percorrido, a fim de se assegurar, nesse âmbito, vivências que permitam substanciais trocas de saberes, pautadas em atitudes mediadora e não-instrumentais.

Destarte, o desafio que atualmente se postula é o de promover o resgate dos laços entre professorado e alunado, na tentativa de se propiciar o externar de um olhar sensível, através da atenção e do cuidado mútuos, por meio do qual se module uma Educação feita por e para pessoas.

Profª. Ma. Ana Patrícia Freires Caetano

Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário Ateneu

Mestre em Educação, especialista em Atividades Aquáticas e graduada em Educação Física

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