Anti-vacina: um “anti-movimento” de mais de 140 anos

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A pandemia da Covid-19 tirou a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Muitas famílias viveram a agonia de perder parentes nos hospitais lotados. Em meio a toda a dor, o planeta ansiava por um final feliz. Após um ano do registro do primeiro caso, finalmente, tivemos acesso à vacina. No entanto, começaram a ser noticiados muitos protestos em diferentes países ao redor do mundo boicotando seu uso. Como isso é possível? Essas pessoas não querem proteção? Não querem a volta à uma vida normal?

A varíola foi, por muito tempo, a principal ameaça à vida humana. A doença causava forte dor de cabeça, febre alta, lesões na pele e morte. Foi também a primeira doença viral a ser totalmente erradicada por meio da vacinação em massa. Mas a descoberta e introdução desse método de prevenção e cuidado não foi natural e pacífico. Edward Jenner, médico britânico, descobriu a vacina em 1798 e apesar dos benefícios registrados através de uma ciência rudimentar baseada no empirismo, seus dados não foram suficientemente robustos para convencer a população inglesa sobre sua eficácia. Naquela época, já existiam os “antivaxxers”, ou seja, pessoas que utilizavam ativamente a possibilidade de transmissão de uma doença durante a imunização como argumento contra ela. Outro grupo que criticou e atrapalhou a implementação da vacina foram os religiosos. Eles acreditavam que a doença era um castigo divino e, por isso, não deveria sofrer interferência do homem.

Em Londres, chegou a ser fundada uma Liga Nacional Anti-Vacinação. Seus membros contavam com intelectuais que defendiam a “cura natural” e com assalariados da era industrial que acreditavam que a vacinação era um elemento de opressão do Estado e da classe dominante. Certamente um engenhoso mecanismo de manipulação das massas em prol de interesses particulares. Em 1885, mais de 80 mil pessoas se reuniram na cidade inglesa de Leicester em um movimento contra vacinação obrigatória.

No Brasil também aconteceu episódio semelhante em 1904 quando o médico e sanitarista Oswaldo Cruz determinou vacinação obrigatória para a população do Rio de Janeiro na intenção deter o surto de varíola. O motim ficou conhecido como a “Revolta da Vacina” e terminou com 945 presos, 110 feridos e 30 mortos. Paralelamente, o isolamento social foi introduzido como medida sanitária alternativa à vacinação para cuidado e promoção de saúde da população. Apesar dessas medidas serem diariamente reforçadas pela ciência através da mídia, elas são incansavelmente negadas por uma elite minoritária que acham as vacinas perigosas ou de baixa eficácia, atrapalhando a meta vacinal.

Portanto, a “polêmica” sobre a vacinação de crianças conta com mais de 140 anos de discussões. Em pleno século XXI, a ciência deveria ser soberana ao achismo e às crenças. Leitura e conhecimento são embasamentos para qualquer assunto. Felizmente, graças às nações que incentivam pesquisas, aos governos que impõem a obrigatoriedade da vacinação, à evolução da ciência, da tecnologia e da medicina é que seguimos vencendo essa pandemia. Nos anos 1890, surgiram as vacinas de tétano e febre tifoide. Em 1920, surgiram as vacinas para difteria, tuberculose e coqueluche. Em 1930, foi a vez da vacina de febre amarela e, em 2020, a da Covid-19. Para quase toda a população mundial, os cientistas desenvolvedores dessas vacinas tornaram-se heróis. E são mesmo! Viver em sociedade significa cuidar de si e ter responsabilidade sobre o próximo. Cada um deve fazer sua parte. Não vacile, vacine-se.

Prof. Daniel Nogueira Barreto de Melo
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Fisioterapia Esportiva, em Osteopatia Estrutural e em Traumatologia e Ortopedia e graduado em Fisioterapia

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