Atualmente, vivemos em uma era onde os influenciadores da moda exercem um impacto significativo na sociedade, incitando seus seguidores a imitarem comportamentos e estilos. Entre esses influenciadores, encontramos tanto profissionais da moda quanto indivíduos sem um conhecimento profundo do setor. Estes últimos, muitas vezes, desconhecem o poder transformador que a moda possui para impactar com certeza a sociedade. No entanto, existem diversos profissionais que compreendem plenamente essa capacidade e utilizam para promover mudanças em seu entorno e na comunidade com a qual pertencem ou trabalham.
Não utilizam os pequenos grupos produtores apenas como meio para alcançar uma estreia na moda. Alguns estilistas, designers e criadores de moda, com suas visões criativas e habilidades para influenciar tendências, têm se tornado agentes de uma mudança mais profunda, explorando e, principalmente, ressaltando temas como sustentabilidade social e econômica em comunidades artesanais, promovendo a coletividade através de projetos e criação de coleções em parceria com comunidades locais, respeitando a autoria dessas comunidades. Como exemplo, posso citar Ronaldo Fraga, estilista mineiro; e Ivanildo Nunes, estilista cearense, que desenvolvem projetos com grupos de artesãs. Embora essa transformação ainda ocorra de forma lenta, ela aponta para uma indústria da moda mais justa e sustentável.
Sabendo que a moda é um reflexo da sociedade e, como tal, tem o potencial de ser uma poderosa ferramenta de transformação social, precisamos instigar nossos designers a assumirem um papel ativo como cidadãos na construção de políticas públicas para a moda a fim de promover mudanças positivas em toda a cadeia produtiva, desde as grandes empresas à grupos sociais de artesanias, que são compostos em sua maioria por mulheres. Além disso, é fundamental que colaborem com as comunidades locais para desenvolverem projetos que não apenas atendam apenas às suas necessidades, mas também promovam o desenvolvimento local, gerando um ganha-ganha, articulando uma mudança nas relações de parcerias entre as comunidades e designers.
Para que essa mudança seja ampla e inclua de maneira significativa toda a sociedade, é necessário que os novos designers de moda se reconheçam como agentes dessa transformação e se envolvam ativamente na construção de políticas públicas para a moda. Isso pode ocorrer por meio de projetos que oferecem incentivos fiscais e financeiros ou, simplesmente, por meio do apoio às comunidades próximas. Os designers devem agir como preservadores da cultura, o que exige, antes de tudo, um profundo conhecimento das tradições e práticas locais.
É crucial questionar como esses novos designers estão sendo formados: Como as culturas locais estão sendo apresentadas a eles? Estão sendo, de fato, demonstrações? Qual é a relação entre moda e artesanato que está sendo transmitida para os alunos de moda? As técnicas tradicionais e o impacto social e econômico dessas práticas devem ser expostas aos estudantes de Moda não apenas na sala de aula, mas também através de experiências práticas que os aproximem da realidade das comunidades locais.
Dessa forma, os futuros designers poderão desenvolver uma compreensão mais profunda e, consequentemente, pensar em como podem participar ativamente na criação de políticas públicas para a moda, que também beneficiam essas comunidades. Isso os transformará em, além de designers conscientes e éticos, em agentes educadores, contribuindo para a formação de novos profissionais e consumidores responsáveis. Por fim, se os designers são os principais conhecedores das especificidades do setor, a participação cidadã destes é imprescindível na formulação de políticas que possam garantir que as demandas da indústria da moda sejam atendidas de maneira justa e equitativa.
Profª. Vaneska da Silva Rebouças
Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu
Tem MBA em Administração e Negócios e graduada em Design de Moda.
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