A Matemática Financeira tem a sua história intimamente vinculada à formação contábil. Esta estreita relação entre as duas matérias se verifica, por exemplo, por meio de um importante princípio: “O valor do dinheiro no tempo”. A partir da relação entre juro e tempo, surge o conceito do valor do dinheiro, porque a recompensa (juro) concedida por uma certa taxa (porcentagem negociada) quando investimos um valor em dinheiro, por um período de tempo, nos dá a compreensão que, uma unidade monetária recebida no futuro não tem o mesmo valor que uma unidade monetária disponível no presente. Em outras palavras, por conta do juro, a unidade monetária se valoriza com o decorrer do tempo.
Contudo, o simples fato da existência da inflação e outros riscos implica na desvalorização da unidade monetária com o decurso do tempo. Esse conjunto de variações faz surgir a variação do dinheiro no tempo e o conceito está intimamente relacionado à Matemática Financeira. No que concerne à Contabilidade, o conceito também é adotado em algumas situações, como por exemplo, o CPC 12 tem como objetivo estabelecer os requisitos básicos a serem observados quando da apuração do Ajuste a Valor Presente de elementos do ativo e do passivo na elaboração de demonstrações contábeis.
O pronunciamento estabelece que na aplicação do conceito de valor presente deve-se associar tal procedimento à mensuração de ativos e passivos, levando-se em consideração o valor do dinheiro no tempo e as incertezas a ele associadas. Desta forma, as informações prestadas possibilitam a análise e a tomada de decisões econômicas que resultam na melhor avaliação e alocação de recursos.
A norma determina que os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo ou de curto prazo quando houver efeito relevante, devam ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais. É preciso que o profissional contábil compreenda o conteúdo da Matemática Financeira e tenha noção que não é apenas aplicar percentuais, mas, compreender os elementos que formam esses cálculos para que seja aplicado corretamente à norma contábil, sob pena de lançamentos incorretos que podem distorcer relevantemente as operações da entidade.
Prof. Me. Michael Gandhi Monteiro dos Santos
Docente do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Matemática, especialista em Matemática, suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho e em Ensino da Matemática e graduado em Matemática (Licenciatura)
Saiba mais sobre o Curso de Ciências Contábeis da UniAteneu.