No alvorecer do século XXI, a Internet emergiu como uma plataforma acessível e poderosa para disseminar informações instantaneamente. Isso desencadeou uma democratização sem precedentes na moda. Antes, os centros da moda, como Paris, Milão e Nova York, ditavam tendências que eram então filtradas e reinterpretadas regionalmente. No entanto, a internet permitiu que uma gama diversificada de vozes tivesse acesso ao centro do palco, abrindo espaços para diferentes atores influenciadores, ditando novas diretrizes para o vestir.
A influência da Internet introduz um processo de ressignificação na história da moda. Durante a transição do século XX para o século XXI se encadeia um fenômeno de significação profunda, moldando o modo como a moda é reconhecida, criada e compartilhada. A ascensão da Internet trouxe uma revolução cultural que transcendeu e ainda transcende fronteiras geográficas, redefinindo a relação entre a moda, os criadores e o público.
A rápida disseminação de informações on-line gerou um ciclo de retroalimentação entre os criadores e o público. As passarelas dos grandes estilistas deixaram de ser eventos exclusivos, transmitidos ao vivo para qualquer pessoa com acesso à Internet. Esse acesso, democratizado às coleções e desfiles, delineou um alcance mais amplo do universo da moda e deu origem a uma cultura de comentários instantâneos nas redes sociais. Os designers passaram a se ater aos feedbacks em tempo real, ajustando suas abordagens de acordo com as novas premissas comportamentais neste contexto.
Outra mudança significativa foi o advento do e-commerce. Comprar roupas on-line tornou-se uma norma, alterando radicalmente a dinâmica do varejo tradicional. As lojas virtuais permitiram uma experiência de compra conveniente e personalizada, impactando o comportamento do consumidor. Pequenas marcas e designers independentes, antes limitados a nichos locais, agora podiam alcançar um público global, desafiando as hegemonias do mercado.
Além disso, as redes sociais catapultaram indivíduos comuns para a esfera da moda. As plataformas de compartilhamento de fotos e os blogs permitiram que as pessoas expressassem sua identidade de moda de maneira global. As influências digitais, nas redes sociais, revolucionaram a publicidade e o marketing da moda, envolvendo-os em canais autênticos de recomendações e opiniões.
Contudo, essa revolução digital também trouxe desafios. A Internet acelerou o ciclo de vida das tendências, gerando a arriscada cultura da moda descartável. O culto às celebridades e a busca por visibilidade nas redes sociais incentivaram um consumo acelerado, com foco no que é atual em detrimento do que é duradouro e sustentável.
Por fim, pode-se afirmar que a Internet transformou a indústria da moda, democratizou o acesso à informação e criou um novo paradigma de interação entre criadores, marcas e público. Enquanto celebramos a democratização e a expansão da moda impulsionada pela Internet, também é vital refletir sobre os desafios que essa revolução digital apresenta. A moda do futuro exige um equilíbrio entre a criatividade, a produção desenfreada e a (eco)responsabilidade, por exemplo, assegurando que a influência da Internet seja moldada para apoiar a moda em direção a um futuro sustentável e inclusivo.
Prof. Neandro Nascimento
Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Ergonomia e Usabilidade e graduado em Design de Interiores. É colunista e conselheiro da Revista DIntBR, conselheiro da Associação Ceará tem Design e integrante do Conselho Acadêmico da Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD).
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