Em algum ponto da sua infância você deve ter brincado com “Lego” ou outro brinquedo de blocos de madeira similar. Ou algum outro brinquedo que passasse a mesma ideia de construção e de espaço, não é mesmo? Pois saiba que foram esses brinquedos que, possivelmente, te ajudaram entender como lidar com os espaços ao seu redor. Ou quem sabe até inspiraram na escolha da sua profissão!
Mas a influência da Arquitetura no aprendizado de crianças vai muito além disso. E ela pode chegar através de diversos meios, não apenas de brinquedos. Quando estamos no jardim de infância, desenvolvemos uma série de perguntas, pois estamos com a mente aberta para o novo e diferente. E é aí que trabalhar a Arquitetura é fundamental! Porque ela é a responsável por ajudar a criança a pensar nos espaços em que convive, além de levá-los ao senso de pertencimento e a um olhar mais crítico da criança, para os ambientes ao seu redor.
Além disso, a imaginação e a criatividade de uma criança são capazes de projetar diversas formas de ver e entender o mundo. Isso pode transformar a forma como as estruturas são pensadas e mudar o resultado final de alguma ideia para o espaço urbano em comum. Pensando nessa capacidade única da criança ver e habitar espaços públicos é que aconteceu, em 2018, a I Bienal Internacional de Educação em Arquitetura para Infância e Juventude (Ludantia), na Espanha. O evento criou um espaço para compartilhar e debater ideias acerca da educação em Arquitetura, além de também apresentar e difundir projetos educacionais que lidassem com o espaço urbano, doméstico, coletivo e natural, que têm como protagonistas, o público infantil.
E se você pensa que é difícil conciliar a Arquitetura para o público infantil, está enganado. A edição da Ludantia reuniu 18 países e cerca de 80 projetos foram apresentados. O Brasil foi um dos participantes, com projetos que mostram que agregar a Arquitetura no ensino torna efetiva a integração das capacidades individuais de ver o mundo, e entender que diferentes necessidades precisam coexistir em um mesmo espaço. E quais são os projetos brasileiros de Arquitetura para crianças?
– O projeto Jornal da Escola, de São Paulo, acontece em uma escola que possui uma parcela estrangeira de alunos. A ideia do telejornal é abordar questões como o pátio do recreio, a horta, as aulas de espanhol etc.;
– Também em São Paulo, uma parceria entre a escola e o Museu da Casa Brasileira ergueu a casa da árvore e a plataforma de observação de pássaros. Com base nas ideias das crianças e em arquétipos já existentes para casos assim, com o plano de que, neste espaço, oficinas e aulas possam ser ministradas para que as crianças possam se aproximar da natureza;
– Já no sul nasceu o Arquitocos, projeto da arquiteta e urbanista Isabela Rech Schumacher. O projeto possibilita que as crianças percebam o que gostariam de modificar nos espaços próximos. Por meio de oficinas, realizavam maquetes para visualizar como se dariam essas reformas em pátios, bosques ou praças;
– O projeto catarinense das arquitetas Fabíola Cordeiro e Amanda Tiedt, “Arquitetura e Cidade para Crianças”, leva para os alunos a possibilidade de despertar empatia pela cidade em que moram. Isso acontece através de oficinas e jogos para que as crianças entendam o quanto suas escolhas impactam na cidade;
– Uma das inspirações para o “Arquitetura e Cidade para Crianças” foi o projeto “Era uma Casa”, na Bahia. Esse projeto incentiva a percepção de diferentes espaços da cidade e a valorização do patrimônio cultural.
Na literatura brasileira também há a preocupação com a inserção de conceitos básicos da arquitetura para crianças, como é o caso da série de livros Casadabra, da arquiteta Simone Sayegh e da jornalista Bianca Antunes. A série leva a criança a pensar sobre sua casa e sua cidade. Esses projetos reforçam a capacidade que a criança tem de ver além e entender como contribuir para o meio que vive. Além disso, destacam a importância da inserção da Arquitetura no conhecimento. Uma vez que são conceitos que poderiam nem fazer parte da rotina da criança quando ela crescer, como o entender o que é um patrimônio público e porque ele deve ser valorizado. Ou até o que exatamente um arquiteto faz!
Prof. Me. Frederico Augusto Nunes de Macêdo Costa
Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Doutorando em Planejamento Urbano, mestre em Geografia Urbana, especialista em Gestão Ambiental e em Geoprocessamento Aplicado à Análise Ambiental e aos Recursos Hídricos e arquiteto e urbanista
Conheça o Curso de Arquitetura e Urbanismo da UniAteneu.