Como se sabe, a implantação que promove a gentileza urbana dialoga melhor com a cidade. Logo, uma cidade que carece de passeios públicos adequados e gentileza urbana propícia ao convívio social sustentável pode ser servida de parâmetros que caracterizem a indução de edifícios com áreas verdes públicas em seus lotes privados. Essa indução acontece através de elementos impulsionadores da ação que promove permeabilidade visual ou física, estimulando o protagonismo do espaço público por meio da iniciativa privada.
O mercado imobiliário pode desenvolver seu trabalho inserido também na promoção da interação social a partir do próprio lote comercializado. Esse é um princípio que alia o ganho público ao ganho privado, tendo como cenário a valorização da sustentabilidade. Empreendimentos assim são diferenciados no mercado e supervalorizados pelo resultado que alcançam quando implementados de forma coerente.
Áreas verdes públicas do projeto FL 4300
Fonte: Aflalo & Gasperini arquitetos (2009
Esses empreendimentos abertos, diferenciados no mercado imobiliário, permitem que a calçada adentre em seus lotes e que as áreas verdes e sustentáveis internas aos lotes se abram para a coletividade. Pode-se dizer que eles sociabilizam suas localizações privilegiadas e sua infraestrutura privada com todos, uma vez que os responsáveis pela manutenção perpétua de tais áreas é a iniciativa privada.
Os resultados práticos são facilmente identificados na morfologia urbana e no desenvolvimento da cidade. A partir dessa estratégia de socialização do espaço, a cidade passa a ganhar uma nova forma a partir de melhorias, como:
– Requalificação da região onde o imóvel está inserido;
– Melhoria na dinâmica urbana com possibilidade de implantação de usos diversificados;
– Prevenção ao livre adensamento desordenado através dos espaços verdes públicos dentro dos próprios lotes privados;
– Unificação da arquitetura e da urbanidade, em que o projetista é obrigado a pensar o projeto levando em consideração o seu entorno, e não mais o seu projeto, como apenas um imóvel isolado a ser lançado para o mercado imobiliário.
– Redução da ocupação da edificação, permitindo uma maior fluidez de ventilação e iluminação nas próprias vias de entorno do lote;
– Proporciona conforto térmico natural, fator fundamental para um bom projeto na região da cidade de Fortaleza;
– Liberação de mais espaços livres ao redor da edificação, melhorando as perspectivas do entorno do projeto;
– Redução de barreiras visuais, permitindo que outros empreendimentos do entorno se beneficiem da paisagem, proporcionando uma forma urbana menos adensada.
Esse tipo de implantação atrai vantagens ao setor privado, como também produz uma cidade mais coletiva, fundamental nos centros adensados de comércio e serviços. Para tanto, é fundamental o esforço do gestor público em manter atualizada a legislação urbana e ambiental, promovendo sempre novos parâmetros de indução e promoção da qualidade urbana para os cidadãos.
Assim, é possível ter áreas públicas em lotes com localização privilegiada, devolvendo para a cidade os ganhos oriundos de infraestrutura e valorização fundiária. Esta estratégia fomenta o desenvolvimento socioeconômico e prioriza a harmonia entre a arquitetura e a cidade, e entre o poder público e a iniciativa privada, pois o convívio social é fundamental ao ser humano, uma vez que é no chão onde vivem as pessoas.
Prof. Me. Eduardo Bezerra Gomes de Albuquerque
Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Ciências da Cidade, tem MBA em Gestão de Projetos Integrados de Edificações e é graduado em Arquitetura e Urbanismo
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