O uso de telas para as crianças aumentou desde o início da pandemia, seja por ficarem mais tempo em casa, seja por assistirem suas aulas através dela. Porém, sem o controle direto de um adulto, os alunos podem apresentar dificuldades tanto em lidar com o uso das telas e até em mesmos dificuldades no terreno da afetividade.
As orientações da Academia Americana de Pediatria (AAP), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SPB) recomendam que crianças entre 18 meses e 2 anos tenham pouca ou nenhuma exposição a telas. O recomendável para crianças de três a quatro anos é até uma hora por dia; de seis a 10 anos, até uma hora e meia; e crianças de 11 a 13 anos, a exposição é até duas horas por dia.
As crianças com superexposição às telas podem apresentar inúmeros problemas, inclusive, com déficit de habilidades como coordenação motora, ação e reação. Seu desenvolvimento acaba por ser restringido e ela passa a ser controlada por uma necessidade de ficar nas telas, como um vício.
Um estudo recente publicado pela revista Nature nos revelou que o ensino remoto em consequência da pandemia, assim como a impossibilidade da circulação impostas pelo lockdown, fez com que aumentasse a taxa de miopia em crianças em razão do aumento do uso das telas, comparado aos anos anteriores. Mas é claro que o uso das tecnologias, como telas educacionais pelo professor, pode ser benéfico na sala de aula, mas quando tablets e celulares pessoais são incorporadas à rotina escolar, o aprendizado fica comprometido, pois podem tirar o foco do objetivo da aprendizagem.
Isso significa que as escolas devem sim manter os benefícios das tecnologias, mas evitar os danos. Em um ambiente escolar, o docente deve assumir uma postura de liderança e planejar o tempo intencional frente às telas, pois o impacto da tecnologia depende de como ela é usada. As escolas também desempenham um papel fundamental na orientação do uso seguro e responsável da Internet. O desafio está em reduzir os usos negativos da rede e dispositivos digitais, mantendo um caráter contributivo para o ensino, aprendizagem e conexão social.
Adotar uma postura de envolver a escola em questões referentes à tecnologia com o treinamento de professores e funcionários deve ajudar nessa problemática. Os pais e os alunos também precisam se envolver para o fortalecimento de suas capacidades de lidar com as questões online e para que não se esqueça que a rede é uma conexão do mundo real. Boas políticas deverão apoiar a aprendizagem online dos estudantes, sem impedimentos e sem limitação excessiva ao acesso às telas, e essas políticas devem estarem integradas com as políticas de proteção e conscientização como as de cyberbullying e o comportamento online.
Dessa forma, a escola tem o papel de tentar uma aproximação com as famílias e estudantes, envolvendo todos em uma discussão sobre o uso saudável das telas. E em um mundo ultra conectado em que vivemos, isso sempre será um desafio.
Referências Bibliográficas
Aslan, F., Sahinoglu-Keskek, N. The effect of home education on myopia progression in children during the COVID-19 pandemic. Eye (2021). https://doi.org/10.1038/s41433-021-01655-2
Profª. Ma. Fernanda Sleiman Rodrigues
Docente do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ateneu
Doutoranda e mestra em História Contemporânea e graduada em Jornalismo
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