Desde os primórdios, a problemática ambiental está incorporada na saúde pública, como era verificada no ambientalismo hipocrático, no qual os aspectos ambientais poderiam determinar ou influenciar as doenças. Posteriormente, esta inter-relação entre saúde e meio ambiente foi chamada de saúde ambiental (RIBEIRO, 2004).
Segundo Ribeiro (2004), a saúde ambiental tem ganhado mais destaque, devido aos diferentes impactos provocados pela ação da humanidade sobre os ecossistemas, podendo estas transformações ambientais provocar modificações nos padrões saúde e doença das pessoas. Dentre os impactos provocados pela ação humana está o descarte inadequado de resíduos no ambiente. Eles podem oferecer um alto risco ao ambiente e à vida, devido as suas características biológicas, químicas e físicas destes resíduos, principalmente, aqueles produzidos na área da saúde (CORRÊA, 2005).
Este mau gerenciamento e a intensa produção de resíduos vê cada vez mais chamando a atenção de órgãos ambientais, órgãos de saúde e pesquisadores (COELHO, 2000), no que se refere aos cuidados com a saúde da população (OLIVEIRA, 2006). Os resíduos produzidos durante os procedimentos odontológicos são vários, podendo destacar as soluções de processamento radiográfico, utilizadas durante as inúmeras radiografias realizadas diariamente (THUNTHY, 1990). Estas soluções utilizadas contêm substâncias tóxicas, como o metal pesado, a prata. Geralmente, estas soluções são lançadas na rede sanitária sem cuidado algum, não havendo um controle da quantidade de prata que é descartada (FERNANDES et al., 2005; THUNTHY, 1990).
A toxicidade provocada por metais pesados pode gerar efeitos adversos, como os danos ao sistema nervoso central, hepático, hematopoiético, renal e esquelético. No meio ambiente, essa prata em forma de íons livres, também, pode provocar uma interferência no processo metabólico, pois ela atua como uma inibidora das enzimas dos organismos (OLIVEIRA, 2006).
Em 1995, Formaggia, em seu estudo, já relatava que os profissionais deveriam se preocupar com os resíduos gerados por suas atividades, com o objetivo de reduzir tanto os riscos ao meio ambiente quanto a saúde da população em geral que possam a vir ter contato com esses resíduos. Na RDC Anvisa nº 306, de 2004, dispõe sobre o gerenciamento interno e externo dos resíduos dos serviços de saúde, incluindo os efluentes ou soluções utilizadas no processamento radiográfico, sendo o responsável legal pelo estabelecimento gerador destes efluentes, a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos desde a sua geração até a disposição final (BRASIL, 2006).
Segundo Schneider et al. (2002), os profissionais devem possuir um posicionamento consciente frente ao descarte de resíduos de serviços de saúde, não acreditando que apenas os resíduos, comumente denominado lixo, não faça parte das competências dos profissionais, devido ao desconhecimento de normas existentes e disponível sobre o assunto por parte dos profissionais.
Por isto, faz-se necessário um investimento em todos os profissionais e acadêmicos que atuam no âmbito da saúde, não só desta universidade, mas de todas as universidades existentes, de forma a prepará-los e instrumentalizá-los para lidar com o manejo do descarte destas soluções radiográficas. Destacando, também, que este conhecimento é importante no processo de formação dos cursos da área da saúde, ressaltando que somente o conhecimento não é suficiente, pois esse manejo adequado dos resíduos implica também no exercício de cidadania.
Prof. Me. Pedro Jessé Lima Veras
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Doutorando em Biotecnologia, mestre em Odontologia, especialista em Odontopediatria e graduado em Odontologia
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