Em maio de 2020, mês em que os enfermeiros comemoram a sua profissão, a Enfermagem ganhou destaque em várias mídias digitais se tornando cada mais visível e mostrando a sua atuação frente à constante batalha de morte pela Covid-19. O Brasil e, em especial, o Ceará, perdeu vários trabalhadores da Enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) em 2020 e atualmente em 2021.
No Brasil, dos mais de 200 mil óbitos pela Covid-19 registrados pelo Ministério da Saúde (MS), até o dia 07 de janeiro, 519 foram de enfermeiros, técnicos, auxiliares de Enfermagem que vieram a óbito em 2020 e 2021 em decorrência do novo coronavírus. No mundo, já são mais de 260 mortes de profissionais, além de 90 mil infectados, e esse número só cresce.
O processo de trabalho muitas vezes é permeado por excessivas cargas mental, psíquica e física do profissional de Enfermagem, alguns com cargas de trabalho extremamente cansativas que se sobrepõem e se potencializam durante o trabalho da equipe, que se materializa no próprio ato de cuidar, cuidar esse tanto falado e entendido que cuidar imprime uma ação, uma atitude e um princípio da Enfermagem enquanto ciência e profissão.
Essa situação pandêmica veio nos mostrar que o cuidar está acompanhado, mais do que nunca, de forte carga emocional em que a vida e a morte se misturam a todo momento compondo um cenário desgastante, com imposição de ritmos excessivos, com jornadas laborais prolongadas e sobrecarga de trabalho impostas ao trabalhador da Enfermagem, acompanhada normalmente por uma remuneração nem sempre condizente com a natureza do trabalho realizado.
Desse modo, a pandemia trouxe à tona os desafios que há tempos nossa profissão enfrenta. Além do reconhecimento, a Enfermagem também precisa de cuidados de saúde e de melhoria nas condições de trabalho, dimensionamentos de Enfermagem adequados, segurança para o trabalho em saúde com equipamentos de proteção individual em quantidade e qualidade adequadas, redução da jornada de trabalho, de salários dignos e justos à profissão.
Em suma, pensamos e refletimos o quanto é importante o reconhecimento enquanto ciência e sua valorização profissional diante desse cenário tão caótico enfrentados pela Enfermagem. E perguntamo-nos: Como seria esse cenário pandêmico sem a Enfermagem?
Profª. Ms. Francisca Juliana Grangeiro Martins Capistrano
Docente do Curso de Enfermagem da UniAteneu
Mestre em Cuidados Clínicos em Saúde, especialista em Docência do Ensino Superior, em Urgência e Emergência, em Assistência e Gestão em Saúde da Família e graduada em Enfermagem.
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