Em 2009, iniciei uma jornada profissional no amplo universo das IST/HIV/Aids, atuando na gestão do estado do Ceará. O primeiro contato com essa temática é um misto de sentimentos, entre eles, o da necessidade de estudo de temas transversais, como sexualidade, direitos humanos, saúde mental, direitos LGBT+, epidemiologia e tantos outros.
Após 40 anos do primeiro caso de HIV/Aids no Brasil, onde no início eram poucas informações e estudos sobre o vírus e a doença, o diagnóstico era indicativo de morte, não havia tratamento eficaz e também foram divulgadas informações que ajudaram a alimentar o estigma e o preconceito com determinadas grupos de pessoas. Mesmo tendo casos em mulheres e homens heterossexuais, as manchetes dos jornais e revistas dos anos 1980 davam visibilidade de maneira negativa aos homossexuais, chegando a chamar de câncer gay, mesmo sabendo que outros grupos eram diagnosticados com HIV/Aids.
Hoje, em 2023, ainda observa-se o estigma e preconceito com os gays, mulheres transexuais e trabalhadores do sexo, pois na nossa sociedade brasileira ainda predomina uma visão de práticas sexuais e da própria sexualidade como sendo unicamente heterossexual e com traços fortes do conservadorismo cristão, postura que alimenta o preconceito às pessoas LGBT+, e quando se fala de pessoas vivendo com HIV/Aids, este preconceito aumenta e também as vulnerabilidades que esta população vivencia diariamente.
A Psicologia Brasileira vem ao longo dos anos ampliando suas ações para a garantia de direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids nos processos de prevenção, as IST/HIV/Aids e nos diversos espaços de garantia dos direitos da população LGBT+, seja através de publicação de resoluções ( resolução do CFP 01/1999 e 01/2018), ocupando espaços nos conselhos de direitos, nas políticas públicas e muitas outras ações. É importante reconhecer que a luta é diária e permanente em defesa dos direitos destas pessoas, mas acredito que os avanços científicos e o constante diálogo com a sociedade podem tornar o dia a dia de todos, todas e todes mais humana e com dignidade para existir de maneira plena nos diversos espaços da nossa sociedade.
Prof. Francisco Theófilo de Oliveira Gravinis
Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Gestão em Saúde e graduado em Psicologia
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