A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. O que nesta circunstância não exime, também, a obrigação das famílias, empresas e toda sociedade de fazer com que a saúde chegue a toda população, mas, principalmente, às classes mais vulneráveis onde a iniquidade social tem mais preponderância
Segundo a lei orgânica da saúde 8080/1990, no seu artigo 2º, o dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
E no seu artigo terceiro, cita: “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; e os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País”. Percebe-se que o significado de saúde não é a ausência de doenças, mas um transporte público digno, onde o usuário deste se sinta acolhido e respeitado, com um ambiente agradável.
É ter seu filho matriculado numa escola e ter acesso a uma educação de qualidade. É ter recursos financeiros e renda pra desfrutar de um lazer com sua família. O conceito de saúde é ampliado, pois consideramos a saúde como um bem multifacetado. O princípio da universalidade preconiza que todos sem qualquer distinção podem e devem usufruir da saúde, pois é um bem básico ao bem-estar de qualquer indivíduo, independente de raça, cor, credo e condição econômica e social.
Segundo a resolução nº 7 de 18 de dezembro de 2018 do Ministério da Educação (MEC), a extensão na educação superior brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e à organização da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político-educacional, cultural, científico e tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa.
A universidade se apoia em um tripé: ensino, pesquisa e extensão. A extensão no ensino superior seve como uma ponte entre a universidade e a comunidade, onde a comunidade recebe dos discentes, conhecimento, tecnologias e serviços e os discentes têm uma oportunidade de conhecer a comunidade e ter a experiência de ter um contato com os anseios, necessidades e colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos na universidade.
A UniAteneu, em parceria com a organização não governamental (ONG) Ame a Vida, tem um projeto de extensão na comunidade Rosalina, em Fortaleza (CE), onde levamos nossos alunos, acadêmicos de Odontologia, a fazer palestras, escovações, entrega de kits de higiene bucal, contendo creme e escova dental. A nossa intervenção pode modificar as condições de saúde oral nesta comunidade tão carente que tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do município de Fortaleza.
O IDH do Parque Dois Irmãos, no qual está inserido a comunidade Rosalina e a escola Dr. Abdnago da Rocha Lima, é 0,251057366, ocupando a 91ª posição entre os 119 bairros do município de Fortaleza, configurando-se entre os 30 piores IDHs da cidade, o que justifica a população foco desta ação. Existem crianças que nunca tiveram a oportunidade de ter uma escova dental. O que pode acontecer com a saúde bucal destes escolares se entrarmos com ações de prevenções, promoção de saúde e tratamentos?
Usamos um odontomóvel que é uma Van adaptada para tratamento odontológico, composto de equipamentos como cadeira odontológica, compressor, holofote, materiais de consumo como gorro, máscara, avental, luvas descartáveis e fazemos uma triagem que é o diagnóstico da situação dos dentes dos escolares. Os acadêmicos de Odontologia, juntamente com a supervisão do professor responsável pela extensão, realizam o exame na cadeira odontológica dentro do odontomóvel.
É utilizado neste método uma espátula de madeira semelhante a um palito de picolé com diagnóstico visual e fazemos os exames no odontomóvel, cedido pelo Rotary Club e a ONG Ame a Vida, em parceria com o Curso de Odontologia da UniAteneu, dentro da escola Dr. Abdnago da Rocha Lima. É preenchido um odontograma, que é um exame onde se constata a presença de cáries e outras doenças orais.
Após o exame, existe à nossa disposição um “escovódromo”, onde podemos ensinar as técnicas de higiene dental e entregar os kits às crianças. Um grupo de acadêmicos de Odontologia faz uma palestra com técnicas de escovação e a entrega de kits de higiene oral, contendo um creme dental e uma escova dental, cedidos pela Colgate. As crianças, neste momento, fazem a escovação supervisionada dos seus dentes.
Prof. Gustavo Heimbecker Castelo
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Especialista em Vigilância Sanitária e em Implante e Prótese e graduado em Odontologia
Saiba mais sobre o Curso de Odontologia da UniAteneu.