Por que plus size?

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O vestuário para mulheres acima do tamanho 40 de acordo com Ribeiro (2012) já é considerado plus size. É claro que há outros autores que relatam que tal tamanho só inicia a partir do 44 ou 46, a exemplo de Betti (2013). Já Tilio (2014) escreve que inicia no tamanho 44 e Limatius (2018) informa que, na Europa, tem início a partir do tamanho 46. Sendo assim, pudemos perceber que não há uma definição do que realmente é um tamanho plus size, ou seja, um tamanho maior.

Com a explanação anterior, podemos partir para a seguinte indagação: O que realmente seria o tamanho plus size e quem determina esse tamanho? A partir do que já tenho estudado nesses quase cinco anos de doutorado é que há indícios de que a sociedade é quem determina quais tamanhos são considerados magros e quais aqueles considerados gordos.

Segundo Gurgel (2018) a expressão plus size só é utilizada no segmento de moda, mas a partir de pesquisas realizadas na cidade de Fortaleza, nos shoppings Rio Mar e Iguatemi e no Centro Fashion Fortaleza foi possível perceber que até mesmo do ponto de vista mercadológico as lojas atendem no máximo ao tamanho 52, ficando os demais tamanhos com pouca ou quase nenhuma oferta de roupas.

Como no período do meu mestrado optei por fazer em Psicologia e estudar tanto as pessoas magras demais como as pessoas gordas, já vislumbrando meu possível tema de estudo para o doutorado, foi possível verificar que tais pessoas, ou acima do peso ou com baixíssimo peso, encontram problemas na aquisição de vestuário, sejam elas homens ou mulheres. É claro que o público feminino, por ser considerado aquele que mais consume vestuário, talvez sinta mais dificuldade na aquisição, não pelo fato da pouca oferta, mas talvez pela oferta não seguir as tendências da estação.

Algumas marcas de vestuário têm olhado para esse público que se encontra à mercê da sociedade, como é o caso da marca brasileira Farm, que no início só trabalhava até o tamanho 42 e agora comercializa roupas até o tamanho GG, embora esse tamanho ainda não seja capaz de atender a todas as mulheres gordas, pois na realidade veste um número 46 ou 48 se compararmos à tabela de medidas de Marlene Mukai (2020) em sua publicação para tamanhos plus size.

É claro que cada marca deve avaliar quem são seus clientes e a partir disso estabelecer quais tamanhos deverá oferecer, mas o que as mulheres gordas relatam é que a oferta de roupas para elas é irrisória. Eu mesma a tempos atrás manifestei o desejo em possuir alguma peça de vestuário da referida marca e, infelizmente, não foi possível adquirir pelo fato de não oferecerem numeração maior compatível com meu tamanho.

O que estou procurando estudar e defender é a inclusão de mulheres gordas na moda, e deixar de pensar que o belo são apenas mulheres magras e que há beleza em todos os tipos de corpos, quer eles sejam magros ou gordos.

Referências:

BETTI, M. U. Gênero e consumo no mercado de moda plus-size. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 10, 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos. Florianópolis, 2013. Disponível em: http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1373318075_ARQUIVO_PAPERFAZENDOGENERO-MarcellaUcedaBetti.pdf. Acesso em: 22 fev. 2021.

GURGEL, A. Pare de se odiar: porque amar o próprio corpo é um ato revolucionário. Rio de Janeiro: Best Seller, 2018.

LIMATIUS, H. Fat, curvy or plus-size? A corpus-linguistic approach to identity construction in plus-size fashion blogs. In: JUTUNEN, H.; SANDBERG, K; KOBACAS, K. M. (eds.). Search of Meaning: Literary, Linguistic, and Translational Approaches to Communication. Tampere: University of Tampere, 2018. pp. 12–38.

MUKAI, M. A. de S. Modelagem prática especial plus size. Santos: Edição da autora, 2020.

RIBEIRO, V. K. Engordurando o Mundo: o corpo de Fernanda Magalhães e as poéticas da transgressão. 196f. 2012. Dissertação (Mestrado em Cultura Visual) – Faculdade de Artes Visuais (FAV), Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual (PPGCV), Universidade Federal de Goiás (UFG): Goiânia, 2012.

TILIO, R. de. Padrões e estereótipos midiáticos na formação de ideais estéticos em adolescentes do sexo feminino. Revista Ártemis, v. 18, n. 1, pp. 147–159, jul. –dez. 2014. Disponível em: <https://periodicos.ufpb.br/index.php/artemis/article/view/22542/12505>. Acesso em: 22 fev. 2021.

Profª. Ma. Cynthia de Holanda Sousa Matos Sousa

Docente do Curso de Design de Moda do Centro Universitário Ateneu

Doutoranda em Design, mestra em Psicologia, especialista em Criação e Desenvolvimento de Produtos de Moda e graduada em Estilismo em Moda.

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