As concentrações de cálcio nos tecidos são reguladas por hormônios e por vitamina D, que facilita a sua absorção no intestino. Esse mineral é necessário para o desenvolvimento humano por ser o principal componente de ossos e dentes. Além disso, participa de inúmeras reações químicas que o tornam um elemento indispensável à saúde humana. O cálcio é essencial para a contração muscular, coagulação sanguínea e transmissão de impulsos nervosos, sendo ainda crucial para formação e manutenção da estrutura dental.
Os dentes são formados por tecidos duros e mineralizados, o esmalte, a dentina e o cemento. Em termos químicos, estes são essencialmente compostos por cristais de Hidroxiapatita (HA), um sal que inclui em sua fórmula, sobretudo, cálcio (Ca2+), mas que a formação e manutenção envolve a incorporação, em menor quantidade, de outros íons que participam de várias reações bioquímicas, a depender da atividade metabólica das células. Dessa forma, os dentes se apresentam como um reservatório de cálcio, visto que esse mineral é um dos principais componentes da hidroxiapatita.
É conveniente destacar que a carência de cálcio ou vitamina D poderá impactar de forma negativa a mineralização dos dentes. Outro aspecto relevante é que um descontrole no metabolismo do cálcio está relacionado a condições periodontais, haja vista que a reabsorção excessiva de osso pode prejudicar o suporte dos dentes. Quando as concentrações de cálcio no sangue estão baixas, o organismo libera paratormônio (PTH) que tem ação hiperglicemiante e, por isso, atua retirando cálcio dos ossos e dos dentes, bem como promovendo a ativação da vitamina D nos rins.
Assim, ocorrerá desmineralização do esqueleto e da dentição. Nesses casos, é notório a presença de danos na mineralização do esmalte, resultando em dentes com falhas e em menor resistência ao ato de mastigar, o que também eleva a vulnerabilidade a cáries. Além disso, os ossos alveolar e mandibular, que sustentam os dentes, serão afetados pela falta de cálcio, já que também sofrem com a desmineralização óssea, resultando na perda dos dentes.
Contrariamente a essa lógica, as pesquisas indicam que o consumo de cálcio e vitamina D juntos estão ligados ao aumento da densidade mineral de ossos e dentes, majorando a retenção dentária e contribuindo para maior mineralização óssea. Diante disso, torna-se imprescindível esclarecer que, para garantir uma correlação satisfatória entre as necessidades de cálcio e a saúde dental, é primordial a adesão de uma dieta diversificada, incluindo leite, queijos, vegetais de folhas verdes e peixes.
Destaca-se também que, em situações de carência, é essencial a suplementação de cálcio e de vitamina D. Na Odontologia, a fluoretação ajuda a fortalecer o esmalte do dente, reduzindo a desmineralização. Assim, visitas regulares ao dentista colaboram para identificação precoce dos primeiros sinais de desmineralização dentária e problemas relacionados.
Profª. Drª. Nila Maria Bezerril Fontenele
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu.
Doutora em Bioquímica, mestra em Engenharia Civil (Recursos Hídricos) e graduada em Ciências Biológicas.
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