Os Jogos Olímpicos, na sua roupagem formulada na era moderno-contemporânea, se caracteriza como o maior e mais importante evento esportivo, de ordem mundial, que reúne atletas de todo o globo terrestre. Esses personagens, a cada quadriênio, se dedicam intensamente, em um curto período, a realização de feitos extremos, que soam, em determinadas circunstâncias, como sobrenaturais, em prol de promoverem visibilidade e valorização a si mesmos, bem como a nação que representam, na intencionalidade de adquirirem reconhecimento, além de, conjuntamente, registrarem seus marcos na história.
Tradicionalmente criado na antiguidade, pelo povo grego – organização civil que delegou extrema relevância ao cuidado com a dimensão física e que defendia um ideal estético pautado em um corpo forte e esculturalmente moldado –, o referido espetáculo se apresenta como o berço das práticas corporais competitivas, no interior do qual foram alicerçadas uma expressiva e complexa gama de manifestações de movimento humano impulsionadoras do desenvolvimento, progresso e evolução da humanidade.
Nessa conjuntura, o fascínio e encanto gerados pelas práticas esportivas de alto rendimento denotam um potencial recrutador de máxima atenção, engajamento, torcida e comprometimento da população pertencente a um determinado país, apesar de toda e qualquer problemática de cunho político, econômico ou educacional, por exemplo. Afinal de contas, em uma sociedade na qual se enfrenta adversidades e desafios cotidianos, comemorar alegrias pontuais, mesmo que momentaneamente, se exprime como fator que propicia a emergência da esperança em dias melhores, nos quais há a possibilidade de se consolidar mudanças alavancadoras de benefícios à população, de modo geral.
Na observância dos aspectos supracitados, em sua 33ª edição, as Olimpíadas, sediadas em Paris, na França, nesse ano de 2024, têm reforçado, com ainda maior veemência, seu viés identitário-patriótico, diante das fatualidades vivenciadas nos últimos anos. Após as incertezas e temores advindos, em especial, junto com a pandemia da Covid-19, condição que, em meados de 2020, postulou dúvidas acerca da ocorrência dos jogos, mas que, graças à rapidez e empenho de pesquisadores de todo o globo, em um período recorde, foi solucionado, feito que tornou possível celebrar a participação e os ganhos dos principais esportistas das mais diferentes nacionalidades, apreciar e torcer pelas conquistas angariadas pelas melhores performances nas modalidades olímpicas, o que provocou uma reconfortante comoção que, muito provavelmente assim se emana por se compreender a virtuosidade de se comemorar a existência e capacidade humana.
No tocante às particularidades do aflorado patriotismo manifestado por brasileiras e brasileiros, no decorrer da duração da hodierna edição das Olimpíadas, se entende como incontestável a crença, defesa e criatividade em dispender energia e apoio aos representantes nacionais, em toda e qualquer prova a ser disputada. Nesse itinerário, tem se registrado o gradual processo de ascensão das competidoras e competidores nacionais, que estão a se posicionar em pódios inéditos, intensamente sonhados por torcedores e competidores.
Destarte, em um país como o Brasil, se orgulhar das conquistas daquelas e daqueles que se dedicam a essas competições, em que o desgaste físico, mental e emocional, assim como as intempéries – e, até mesmo, o descaso –, são máximos, mas, ainda assim, se vislumbra um completo esforço e busca por desempenho dos competidores nas disputas em que participam, se perfaz como uma ação genuinamente naturalizada, tendo em vista a atitude revolucionária que caracteriza resistir e persistir em práticas esportivas de alta performance, no contexto nacional.
Face a tal meandro, assistir, seja de forma televisionada ou presencial, as lutas – literais ou simbólicas –, propulsiona um movimento essencialmente comovente em razão da escassez de vitórias e privações que estão ao alcance da população, em geral, e dos atletas, de modo específico, por mais sacrificante e eficiente que seja o processo preparatório para os eventuais embates.
Profª. Ma. Ana Patrícia Freires Caetano
Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário Ateneu
Mestra em Educação, especialista em Atividades Aquáticas e graduada em Educação Física e Pedagogia.
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