Os microplásticos (MPs) são partículas com até 5 mm de diâmetro. As suas principais fontes são oriundas do seu descarte inadequado no meio ambiente ou, ainda, do lançamento de resíduos produzidos por sua degradação. As pesquisas revelam que essas partículas são encontradas no solo, no ar, em quase todos os ambientes marinhos do mundo, incluindo o Brasil e no corpo dos animais.
Estudos científicos revelaram que a presença de microplásticos no trato digestório de camundongos poderia reduzir significativamente a secreção de muco intestinal, bem como destruir a função de barreira protetiva do órgão. Além disso, essas partículas já foram encontradas em diferentes alimentos como cerveja, sal, mel, frutos do mar, águas engarrafadas, dentre outros. Tal panorama sugere que os seres humanos estão ingerindo microplásticos sem saber.
Essas moléculas podem penetrar no corpo humano através da alimentação e alcançar, ou não, a corrente sanguínea pela absorção de nutrientes que acontece no intestino. Tal fato é confirmado por estudos que já detectaram a presença de microplásticos em fezes, placenta e sangue humanos. Outro aspecto relevante é que essas partículas podem ser inaladas pelo sistema respiratório e levadas até os pulmões. Trata-se de um novo tipo de poluição que está se tornando cada vez mais comum, uma vez que o processamento de plásticos por métodos físicos, químicos e biológicos produz resíduos em uma escala de micro ou nanoplásticos.
De acordo com experimentos in vitro de cultura de células pulmonares humanas, os MPs podem inibir a proliferação celular e alterar sua morfologia. Além disso, muitos ensaios em animais mostraram que os MPs podem induzir vários efeitos tóxicos, afetando o sistema nervoso e reprodutivo. Convém salientar que esses materiais são amplamente utilizados na vida cotidiana, com os mais variados fins, tais como revestimento de fios, peças de automóveis, embalagens diversas, sendo os recipientes que armazenam alimentos e água uma fonte significativa de microplásticos como polietileno e poliestireno.
Além disso já se sabe que poluentes orgânicos como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos ou metais pesados, tais como cádmio e mercúrio, podem adsorver os MPs e aumentar a sua toxicidade. Assim, é imprescindível conhecer a composição química dos utensílios destinados a armazenagem dos alimentos, uma vez que o risco de ingestão de alimentos contendo microplástico é elevado. Sob essa ótica, é primordial a realização de mais estudos que explorem formas de detecção de microplásticos no corpo humano e de seus impactos relacionados à saúde.
Profª. Drª. Nila Maria Bezerril Fontenele
Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Ateneu
Doutora em Bioquímica, mestra em Engenharia Civil (Recursos Hídricos) e graduada em Ciências Biológicas
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