A hipossalivação consiste em uma alteração que provoca a redução na quantidade e na qualidade do fluxo da saliva. Esta, por sua vez, representa a secreção aquosa presente na boca e produzida pelas glândulas salivares maiores e menores com um fluxo médio variando entre 1.000 a 1.500ml/dia e o pH em torno de 6 a 7 (SILVA et al.; 2016). Esse distúrbio salivar pode ser confirmado por um exame chamado sialometria, que mede a quantidade de saliva produzida em relação ao tempo. O diagnóstico é dado quando ocorre uma taxa de fluxo salivar abaixo de 0,1-0,2 ml/min (não estimulada) ou 0,7 ml/min (estimulada) (ALPÖZ et al., 2015).
Entre as causas da hipossalivação, estão as alterações fisiológicas nos tecidos das glândulas salivares que ocorrem com o avanço da idade e a redução transitória do fluxo salivar que ocorre durante o sono. A hipossalivação também pode ocorrer como efeito adverso de diversos medicamentos, como anti-hipertensivos (propranolol, atenolol, captopril, enalapril, lisinopril, metildopa etc.), analgésicos e Aines (ibuprofeno, naproxeno, propoxifeno, piroxicam, codeína, meperidina, metadona, tramadol, diflunisal etc.), diuréticos (furosemida, clorotiazida, hidroclorotiazida), ansiolíticos (diazepam, alprazolam, trizolam etc.), antidepressivos (fluoxetina, paroxetina, sertralina, amitriptilina, imipramina, aloperidol etc.), entre outros (GUZMÁN; SUAREZ, 2013).
Outra causa a se destacar é a radioterapia de tumores malignos de cabeça e pescoço que, dependendo da dose cumulativa de radiação e da quantidade de glândulas salivares comprometidas por esta terapia, pode gerar redução do fluxo salivar. Como causas sistêmicas, tem-se ainda a disfunção colinérgica, aplasia das glândulas salivares e as doenças autoimunes. Inclui-se também a hipossalivação associada a fatores sociais, como o abuso de bebidas alcoólicas e o tabagismo, assim como a redução do fluxo salivar correlacionada à ansiedade e ao estresse tão comuns no mundo moderno (SILVA et al.; 2016).
Pelo exposto, nota-se que a hipossalivação deve ser compreendida como uma disfunção com ampla variação de causas que afetam importantes aspectos da vida do paciente, como a fala, mastigação, deglutição e até a proteção dos tecidos orais. Assim, faz-se necessário entender essa etiologia diversificada para um melhor diagnóstico da hipossalivação, e consequentemente, um melhor tratamento de cada indivíduo afetado.
REFERÊNCIAS:
ALPÖZ, E. et al. Impact of Buccothermâon xerostomia: a single blind study. Special Care Dentistry. v35, n. (1), p. 1–7, 2015.
GUZMÁN, LMM; SUÁREZ, J.L.C. Hipossalivação: fator frequente de risco para o desenvolvimento de doenças bucais. Revista Oral-b News da América Latina. v2, n(1), p.15-19, 2013.
SILVA, I.J.O. et al. Hipossalivação: Etiologia, diagnóstico e tratamento. Revista Bahiana de Odontologia, v. 7, n. (2), p. 140-146, 2016.
Prof. Me. Valmirlan Fechine Jamacaru
Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Ateneu
Mestre em Ciências Médico-Cirúrgicas, especialista em Estomatologia e Cirurgia Oral Menor e graduado em Odontologia.
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